quarta-feira, 2 de junho de 2021

O que restou

 O que restou


Na terça recebo uma mensagem de whatsapp de um amigo me convidando para almoçar na Churrascaria Chimarrão, no dia seguinte. Prontamente aceitei, havia tempo que não falávamos pessoalmente, mesmo trabalhando juntos por quase três décadas, devido a pandemia.


Na época fizemos concurso público em períodos próximos e o destino nos aproximou para trabalharmos juntos no gabinete do prefeito. Assim foi durante anos. Terminado o governo que fomos secretários municipais, nos mantiveram juntos depositados em outra secretaria.


Entre um corte de picanha, alcatra, entrecot,  um gole de Tannat, um corte de ovelha e outro gole de vinho, assim fizemos um balanço de nossas vidas e de nossas realizações. Avaliamos todos os prefeitos a que servimos e os “assessores” que trouxeram.É melhor não tecer considerações.


Infelizmente hoje temos de ouvir tanta besteira de quem não conhece o serviço público. Como um sujeito conhecido que veio conversar e vem com as brincadeiras tolas de que nós estamos bem, temos aposentadoria integral, que os salários são pagos etc. Todo tipo de besteira. Para gente assim, a vontade é falar: estou aqui porque estudei, faça o mesmo. Vá atrás de editais, estude, faça as provas, elimine centenas ou milhares de candidatos, tire uma boa nota e seja aprovado. Mas isto seria ofensivo. Poderia achar que eu estava me enaltecendo e chamando-o de burro ou cidadão inferior. Não faria isso!


Não temos o dito FGTS, que todos tem, porém temos a estabilidade que é um seguro para a sociedade. Agora estamos vendo o noticiário, nas questões de compras fraudadas de remédios, vacinas com superfaturamento. Coisas feitas por “assessores” indicados. Gente que não é servidor público, que nunca prestou concurso público. E os políticos querem acabar com a estabilidade  no serviço público justamente para passar o boi e a boiada. Mas não é disso que vamos falar. Isso todos estão lendo e vendo


Vivemos momentos bons de parceria e outros nem tanto. Ganhamos eleições e perdemos disputas ganhas.


Mas o que resta após 30 anos de serviço público? E quando chegar a hora da aposentadoria? O que fazer?


Respondi que eu pretendo viver; Ler,escrever, fazer comida boa, se o dinheiro der passear um pouco. Nada além do simples da vida, apreciar a beleza de viver.


Foi assim nosso almoço e nossa tarde. Só fomos embora após todos os funcionários serem dispensados e daí travamos uma boa conversa com o dono da churrascaria, o Moacir Ongaratto, empreendedor nato, que saiu de Anchieta no extremo oeste catarinense, percorreu o Brasil e acabou dando com os costados em Joinville. Em 2004 abriu uma ótima casa que se mantém, com alta quelidade, e só fomos embora porque ele precisava reabrir a casa pouco depois.


Este foi  mais um dia prazeroso de coisas simples, boas e de uma excelente amizade de quase 30 anos com o Imperador do KM 4, Carlos Roberto Caetano, que deu o seu máximo pelo serviço público, seja na Prefeitura, Câmara Municipal, Governo do Estado e que agora deve aproveitar os filhos o cachorro e a Barra do Sul.


Sim, lá naquela praia que só dá gente….. bonita. Quem sabe ele me convida novamente para uma gaivira assada na brasa.