quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Professor Vaz e a minha dúvida sobre os coelhinhos

 Professor Vaz e a minha dúvida sobre os coelhinhos


Lá por 1984 quando comecei a cursar jornalismo na Universidade Católica de Pelotas, logo já tínhamos um grupinho de colegas que se afeiçoaram mais e fizeram amizades e alguns professores também. Um deles era o Vaz. 


Certa vez ele me contou uma historinha que custei a acreditar. Passados mais de três décadas continua a dúvida. Em nosso encontro de 30 anos de formados em 2018, quase não sai pela greve dos caminhoneiros e falta de combustíveis, perguntei ao Vaz sobre a veracidade. Ele afirmou de orelhas juntas  que era verdade. Continuo em dúvida.


Mas recebi o livro de memórias escrito pelo professor Luiz Carlos Vaz, A História de Abel, e estou me divertindo com tais histórias. Infância semelhante à minha lá pelos morros de Erechim, bem diferente da campanha de Hulha e Bagé.


Ainda não terminei o livro. Chegou ontem, li uma parte e hoje devoro o restante. Até agora nenhum relato dos coelhinhos.


Nunca contou para vocês?


O Professor Vaz criava coelhos. Tratava, deixava o bichinho grande, gordinho de olhos vermelhos de pelo branquinho e um dia… TUM! Só uma batida na cabeça bem no meio dos olhinhos. O bichinho virava os olhinhos e dali em diante seria um bom assado além de tapetes, luvas e gorros para enfrentar o frio da pampa gaúcha.


Será que ele confirma?



quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Filosofadas do gringo da churrascaria

 Filosofadas do gringo da churrascaria



A prosa sem compromisso com o gringo dono da churrascaria sempre era boa.  Além da boa carne, de procedência não verificada, pois fofocavam que era de abigeato, os aperitivos de entrada faziam a alegria dos clientes. 


Os aperitivos ficavam numa ampla mesa, na entrada da churrascaria, à esquerda do salão, encostada numa parede com duas flâmulas fixadas na parede milimetricamente a do Inter e a do Grêmio e tinha mais para o lado a  do Ypiranga Futebol Clube. Havia um sortido de garrafas de aperitivos. Agradava a todos. 


Tinha cachaça com butiá, com morango, abacaxi, ervas e uma garrafa esquisita cheia de formigas. O gringo jurava que o veneno da formiga era poderoso para várias doenças, inclusive “ficar forte com as mulheres”.


Como o gringo era zoneiro, o pessoal até acreditava. Era casado com uma italiana vistosa, mais bonita que laranja de amostra. Ela sim atraia olhares e encantava os clientes.Muitos iam na churrascaria só para ver a Sofia Loren da churrascaria, pois a beleza era igual a da artista italiana. Quando ela atravessava o salão, a churrascaria parava e não se ouvia nem zunido de mosquito. 


De vez em quando meu sobrinho Fábio Pichler quando sobrava uns trocados ia almoçar lá na churrascaria, mais para ouvir a filosofia profunda do gringo.


Num sábado por volta das 11 horas os dois estavam no balcão do caixa e a prosa ia esquentando. O gringo no caixa e Fábio sentado num banco daqueles alto de balcão de bar. Se aventurou na dose da formiga com cachaça, pensando “vai que faz efeito”. O gringo começou a “queimar campo” contando as façanhas e aventuras na zona de Erechim e meu sobrinho viu o perigo das confissões. Gringo não viu a Sofia Loren se aproximar e ouvir a conversa toda. Ela Só pegou uma toalha dessas que usam para limpar as mesas e tacou na orelha do gringo. Ele nem viu de onde veio o marimbondo. Ficou dois dias com o ouvido zunindo.


  • Te fiz sinal, seu gringo carniça!  disse meu sobrinho e o gringo desatou no gemido e na filosofia.

  • Esta gringa do demônio não sabe o quando eu amo ela. Ela que  nem chega perto de mim e o pior de tudo é não ser amado. 

  • - Mas como não ser amado? Ela vive aqui, trabalha com você e cuida de tudo e ainda ficou com ciúmes das tuas mentiras, argumentou meu sobrinho.

  • Nada! é uma ingrata. Dorme no outro quarto e você tem que entender meu sofrimento, disse o gringo abrindo o coração. Pegou um garrafão de vinho que guardava nos pés dele, embaixo do balcão do caixa da churrascaria. Encheu um bicherote de tinto seco e tacou nos beiços. Tomou tudo num gole só. Os olhos já ficaram vermelhos, a pele mudou de cor e uma lágrima caiu de seus olhos. 

  • O que houve vivente?. Para com isso- disse Fábio tentando acalmar o gringo que suspirou profundamente e largou uma filosofia que traduzia sua vida

  • “Muié feia é que nem pantufa. Dentro de casa vai, mas na rua dá uma vergonheira” Mas  esta daí que me maltrata é bonitona mas não me quer e eu  nem quero mais saber de ninguém nem da vida porque “um homem amar sem ser amado é que nem se limpar sem ter cagado”. 



Depois desta filosofada profunda, só restou ao meu sobrinho terminar a dose de cachaça com formiga e correr para casa para ver se faz efeito, antes que “Sofia Loren” voltasse com o pano de louça molhado.


Conselho, sempre olhem pelo espelho ou dêem uma olhada para trás.