O meu melhor amigo
Nos últimos dias ele ficou na UTI, seus rins pararam, ulcerações no estômago dificultavam a alimentação. Veio para casa e gostava de ficar na minha cama. Não conseguia mais comer e olhava para mim com súplica. Embaixo do edredon, pegava no sono e roncava só se eu segurasse suas patinhas. Quanto eu soltava ele acordava e com seu olhar, pedia que eu voltasse a pegar suas frágeis mãozinhas.
Estava sofrendo. Voltou a clínica que nos avisou para ir visitá-lo em seus últimos momentos. Encontrei-o com os olhos vidrados perdidos no horizonte, imaginei, por instantes, que já tinha morrido. Ouviu minha voz e me viu, levantou a cabeça, arregalou os olhinhos e me procurou. Cheguei perto dei um beijo e segurei suas patinhas, ele ficou feliz, deitou a cabeça no travesseiro e lágrimas começaram a cair de seus olhinhos. Falei
-Meu amigo, meu amor, meu filhinho. Não chora. Estou aqui. Vim te ver. Você faz parte da minha vida. Senti que ele estava esperando por palavras de carinho, de atenção e de um amigo que conviveu com ele por quase 12 anos. Meu companheirinho.
Surgiu em nossas vidas em uma noite de frio e chuva. Meu filho Arthur estava indo para a Univille. No terminal central antes de embarcar no ônibus viu um cachorrinho assustado, tremendo, todo molhado e com frio. Nem embarcou no ônibus. Acolheu o pequeno e trouxe para casa.
Foi batizado como Banzé, que era um cachorrinho personagem do desenho animado A Dama e O Vagabundo da Disney e marca de uma bala fabricada em Erechim, que me trazia boas lembranças de infância
.
Minha relação com ele foi de imediato amor à primeira vista.
É claro que brigamos quando ele fazia as necessidades no meio da sala. Era também o cachorrinho com a fala mais estranha, uivos que ninguém entendia. Não falava muito, porque uma veterinária disse que ele era surdo. Duvido deste diagnóstico.
Ficava todo exibido quando ia tomar banho e voltava de gravatinha. Já o chamei de delinquente, e de zé pilantra. Era divertido, esperto e já parou ruas importantes com grande movimento em alguns momentos que fugiu. Não dava para a gente vacilar. Rápido igual Usain Bolt.
Difícil entender de onde vem tanto amor por uma bolinha peluda. Nos cativam, nos amam, invadem nossa alma e nos arrancam lágrimas e estendem nossas vidas.
Vou sempre segurar sua mão e enxugar suas lágrimas. Este amigo estará sempre em meu coração.
Banzé: * 3/3/2011/+ 12/9/2022 (16h30min) - 11 anos 5 meses 8 dias