No pequeno galinheiro moravam três galinhas poedeiras. Sempre com boa convivência, cada qual com sua bacia de ração e suas folhas de alface e outras hortaliças. Em retorno produziam um ovo cada qual, de boa qualidade. Criadas sem hormônios e as verduras ao natural da grande horta. É o que os moderninhos chamam de orgânico.
Certo dia uma delas morreu. As duas outras até ensaiaram um choro, enfim a comadre faria falta no galinheiro. Consternado com o sofrimento das que ficaram em luto, meu sobrinho Fábio tratou de arrumar uma outra para que as três cajazeiras voltassem a sorrir cacarejamente e dar bons ovos.
Chegou com uma penosa que mais parecia uma perua, mais jovem e mais ativa e toda prosa. Desfilava no galinheiro e cacarejava forte a cada ovo “ponhado”. No primeiro instante o santo não cruzou. As duas mais antigas partiram para cima, e dá-lhe bicada na cabeça, nas asas e não perdoaram nem a sambiquira da novata. Da janela da casa o patrão fiscalizava e viu que a coisa estava feia, iria acontecer uma tragédia no galinheiro.
Soltou as três no terreno para ver se era um stress pelo confinamento. Ao se verem soltas aí sim o bicho pegou mais forte, as duas veteranas corriam atrás da novinha e era pena para todo lado. Bicada, coice de espora, unha no olho, asada, coisa feia, pior que briga de torcida de grenal com umas serramaltes a mais na cabeça.
Foi uma confusão. Corre atrás de uma, pega duas, foge de novo e assim foi. Separadas, duas amigas mais antigas ficaram em seu galinheiro e a terceira recém chega apartada. Solução foi fazer um puxadinho no galinheiro e separar as três.
Voltou a reinar a paz no galinheiro. As duas irmãs acham que venceram a parada e a novinha ganhou um apartamento só para ela. E olha, nem galo tinha por ali para alimentar a ciumeira.
Os ovos? Grandes, gema bem amarela, deliciosos numa gemada para passar no pão, ou fritos na frigideira para começar bem o dia. E num domingo de chuva nada melhor que isso.