Pão com molho
Já se passou quase meio século, mas ainda guardo na lembrança e sinto o aroma como se fosse hoje: a panela de ferro sobre o fogão a lenha cozinhando lentamente a carne com um grosso e farto molho, que depois vai para a mesa do almoço, juntamente com a massa, o radicci a polenta, o pão.
Principalmente nas férias de meio do ano e de verão, quase que diariamente eu e meu vizinho de frente brincávamos na rua e pela vizinhança. Bicicleta, cowboy, carrinhos, forte apache, futebol (nunca fui bom e nem gostava), luta de boxe. Cheguei a fazer um ringue debaixo dos pés de caqui. Luvas feitas de restos de calça jeans.
Mas a iguaria preferida, quase que britanicamente era na casa da frente. A mãe do Paulo Galli, Dona Palmira já tinha feito o pão no forno e a mesa de madeira da cozinha estava cheia de pães enormes e quentinhos cobertos com um pano de algodão bem branquinho. Lá pelas 11h o fogão à lenha fumegando e subíamos a escada correndo. A casa era no alto.Contornava o poço e entrávamos pelos fundos para a cozinha. Alí, o cheiro delicioso da carne cozinhando no molho.
Dona Palmira cortava uma fatia bem generosa de pão saido a pouco do forno a lenha, derramava uma conchada de molho e pronto. Estava pronto o lanche, três dentadas leoninas e magicamente sumia aquelas imensas fatias.
Continuava a brincadeira até a hora do almoço. Era férias mesmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário