Me dá um real
Eeiiii, me dá um real - balbuciava tropegamente aquela voz com forte bafo de pinga. Saindo de trás de uma árvore na rua Urussanga, no bairro Bucarein.
Não tenho! Só uso cartão. - respondi
Então vá tomar no c…...que nunca tenho seu desgraçado!- Insistiu. Nem olhei para trás.
Senti os passos mais pertos e o cheio da cachaça já impregnando minha roupa.
Você é bom de briga? Quero saber, se não tem um real, deve ser bom de briga - provocava.
Não, não sei brigar, nunca briguei. Sou que nem cachorro de circo. Brigo mal, mas danço bem.Respondi com bom humor.
Mas os passos ficavam mais perto e o bafo de doença já me deixava enjoado, enojado e aflito e me obrigada a andar mais rápido de pancinha cheia.
Eu também não brigo, mas sou bom de faca. Já furei muitos. Então você não tem um real, né? Nem é bom de briga, mas e de faca?
Apertei o passo, me distanciei, entrei rapidinho onde trabalho e nem olhei para trás. Vai que ele quer dançar, já que brigo mal, não sei manejar a faca...
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