Sobremesa vai ser doce de abóbora
Bom dia compadre. O mate está bom? Me serve uma cuia.
Está! Esta erva veio lá de Áurea, nova, verdinha. Te senta aí.
Vim lá da chácara e o jipe está cheio de abóbora. Este ano deu mais que braquiária. O compadre quer aproveitar algumas? Claro que sim.
Piá, vem cá. Descarrega as abóboras ali do Jipe. Leva tudo para o porão. As mais bonitas deixa mais a vista e as mais feias, pequenas, separa lá no canto para o porco.
Feita a seleção, agora vem o trabalho pesado. - Amanhã de manhã bem cedo pega a pá de corte e abre um buraco de 1 metro. Separa lenha seca e deixa do lado. Vai no porão tira o tacho de cobre que está pendurado no barrote e passa uma água. Pega uma palha de aço para dar um brilho, mas passa bastante limão com sal para tirar o zinabre. Fica novinho e brilhoso.
Manhã de domingo, sol bonito trazendo os raios de uma manhã gelada, que aos poucos vai quebrando e derretendo o gelo. E no pátio, ainda úmido pelo sereno, geada derretida e frio, tem que esperar mais um pouco para tirar a lenha do porão e levar para perto do buraco. Lá pelas 10 horas a cerração já levantou, a geada derreteu e já dá para botar fogo na lenha.
O fogo aquece as mãos congeladas e doídas. O sol já das 11h faz tirar a roupa de lã, arregaçar as mangas, e colocar o tacho de cobre sobre o fogo. Tudo ali por perto nas bacias, as abóboras descascadas e cortadas em pedaços pequenos, o açúcar, cravo e cal. A colher de madeira limpa, esterilizada com limão que mata qualquer sujeira. Arranca todo o mofo que cria na madeira.
A abóbora para estar no ponto de doce precisa estar bem perto da cor laranja indo para o vermelho e ao bater do os dedos tem que fazer um barulho de oco, ou seja, já perdeu boa parte da água interna.
Fogo já esquentou o tacho. Derrama o açúcar e o cravo para dar um gosto. As abóboras em pedaços se misturam e mexendo com a colher de pau com cabo longo para não se queimar, aos poucos vai caramelizando mudando de cor. Vai ficando mais laranja indo para o avermelhado, e soltando o aroma do açúcar derretendo se misturando com a abóbora. Já dá para ver a calda, ainda rala que aos poucos, no fogo brando vai encorpando e ficando cheirosa.
Paciência, controle o fogo e não deixe de mexer a abóbora no tacho. O doce vai se formando, o açúcar já derretido e misturado aos pedaços de abóbora que se desmancha. O cheiro tira a concentração. Mas calma vai demorar um pouco mais até dar o ponto. Fogo baixo, paciência e olho no tacho até dar o ponto do doce, quando começa a grudar um pouco no fundo do tacho. Não deixe queimar, controle o fogo, e não pare de mexer.
Quando começar a grudar no fundo pegue uma colherada e levante. Se ficar na colher e não escorrer é porque está no ponto. Tire do tacho, cuidado para não se queimar. Coloque em potes de conversa e deixe esfriar. Pode guardar na geladeira que já estará pronta para comer na sobremesa ou mais tarde lá no café das cinco da tarde.
Sim, na sobremesa, abóbora com nata, com queijo, com requeijão. E de tarde pode ser com pão, com bolo de milho, com torrada ou puro mesmo.
Uma colherada de doce de abóbora, bem generosa duvido quem resista.
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