segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Noites de Caçador

 Noites de Caçador



O assunto nada tem haver com caça. Refere-se a Caçador, um município no meio oeste. Um ex-morador ilustre meu amigo e colega Frutuoso de Oliveira, jornalista de boa pena e consultor de marketing político por muitos anos morou neste local. Gaúcho de boa qualidade vindo de Nonoai quase pertinho de minha aldeia, o Votouro. Vai que somos aparentados. Porém ele tem um defeito imperdoável é colorado dos quatro costados. Também é um bom contador de causos e até já abordou alguma vez o tema de hoje. O que fazer de noite em Caçador? Ele não vai me deixar mentindo sozinho.

Quando o Raimundo Colombo era governador e o Marco Tebaldi secretário estadual da Educação fazíamos roteiros pelo Estado de Santa Catarina. Numa dessas missões regionais visitamos escolas da regional de Caçador para verificar projetos inovadores, necessidades de obras físicas e andamento de obras. Em especial a Irmão Leo tinha um projeto de ensino de violão no contraturno..

Feita a vistoria, de tarde fomos para a sede da Regional onde ficava a gerência regional de educação. Era bem próximo ao antigo Hotel Le Canard onde nos hospedamos. Encerramos o dia, atravessamos a rua e fomos ao hotel descansar. Mas era ainda cedo. Lá pelas 19 horas, decidi dar uma volta e conhecer a noite de Caçador. 

Perguntei ao recepcionista do hotel onde ficava o centro. Fácil. Desce até o rio, cruza a ponte e segue a rua que vai dar lá no centro. 

Fiz o trajeto. Desci a rua do hotel, cheguei no rio fui até a ponte. Parei.

Olhei em direção ao centro um morro para subir. Olhei para outro lado que dá lá para o Alcácer Hotel mais um morro, e para a frente outra ladeira.

Pensei, pensei e dei volta em direção à antiga estação ferroviária, onde tem uma praça, um  parque. Sentei num banco e fiquei apreciando o movimento. Não iria me cansar de subir a ladeira pela noite e correr o risco de encontrar tudo fechado. Em cidades assim, quando o sol se põe, fecham as portas e vidraças e se recolhem. Jantar às 19h, cama às 20h e luzes apagadas. 

Sentei, me escarrapachei, tirei os calçados, estiquei as pernas e fiquei vendo o movimento do pessoal indo para casa, outros caminhando, outros correndo. Uns 15 minutos depois surgem três filhotes e uma mãe capivara. Chegaram perto cheiraram, um dos filhotes subiu no banco e se sentou ao meu lado. Nada falou. Fiquei quieto, não sei se mordem.

A capivara mãe cheirou meu pé, fez cara de quem não gostou e se deitou do lado com os outros dois filhotinhos. Puxei conversa sobre o movimento, sobre o rio que corta a cidade,  se tinha peixes. O que estava ao meu lado me olhou, pulou do banco e foi aproveitar a graminha, os demais o seguiram e a mãe foi junto para fiscalizar. Logo em seguida desceram pelo barranco do rio do Peixe e seguiram a nado pela margem. 

Calcei meias e sapato, atravessei a rótula , subi alguns metros até chegar ao hotel. Acabou minha experiência de conhecer a noite caçadorense.


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