domingo, 24 de julho de 2022

Uma carta de amor

 Uma carta de amor


Esta é uma carta de amor. De uma paixão que dura 30 anos sem perder o vigor, o fervor, o desejo. Ela é uma bela dama, requintada e que trabalha muito para que a vida seja melhor.


A cada dia ela cativa mais admiradores, mas não sinto ciúmes. Não é só minha, eu sei. Cheguei mais tarde, mas tenho um lugar em seu coração gigante que recebe todos de braços abertos.


Ela oferece o que há de melhor de si mesmo. Todos os anos milhares de fãs apaixonados demonstram seu amor por Joinville. Quando me perguntam onde moro, eu sempre respondo: Moro no melhor lugar do mundo! Mas sempre tem os chatos que acham defeitos, que apontam isto, aquilo, acolá. Pior, gente que nunca fez nada além de discursos baratos e vazios. Quando se pergunta o que você faria? A resposta não sai de suas mentes fracas.

Através de meu trabalho converso com muitas pessoas, geralmente destaques das artes: dança, balé, música, pintura, teatro, literatura e demais manifestações artísticas.

Semana passada tive o privilégio de entrevistar o diretor do Balé do Teatro Guaíra, que fez a abertura do 39º Festival de Dança que está ocorrendo, Luiz Fernando Bongiovanni. Foi bailarino que percorreu o mundo, agora coreógrafo e responsável por esta grande companhia paranaense. A magnífica apresentação do Lago dos Cisnes na abertura encantou a todos.

E na última sexta-feira conversei com um dos maiores destaques do balé mundial o uruguaio brasileiro Marcelo Misailidis, que coreografou junto com sua companheira de palco Ana Botafogo o espetáculo ST Tragédias na noite de gala. Uniu peças de Shakespeare (Romeu e Julieta e Otelo) com a música de Tchaikovski. Dois gênios que viveram em lugares diferentes e em épocas diferentes. São 200 anos de distância entre suas criações que se uniram num grande espetáculo, grandioso e majestoso como é o Festival de Dança, como é Joinville que oportuniza isto para todos. 

Este ano veio a novidade da dança para pessoas com mais de 40 anos e com mais de 60 anos. Dá para olhar o brilho no olhar da experiência. Me surpreendi com um grupo de Erechim: “Vovós sim, Velhas jamais” que percorreram quase 600 km de ônibus para estar no palco. Isto é vida, é saúde, é admiração e com energia juvenil.

Anos atrás, em 2007, eu estava num jantar com bailarinos do mundo após a apresentação da companhia Hell`s Kitchen de Nova Iorque. Fiquei um pouco afastado, cansado da noite e o garçom me trouxe um baldinho com 6 cervejas.  Um pouco tempo depois chega o Mikhail Baryshnikov. Perguntou se a cerveja que eu estava bebendo era boa, em tom de brincadeira. Respondi que era a melhor do Brasil. Ele pediu se poderia beber uma. É claro que concordei. Ele bebeu três long necks de meu baldinho, agradeceu e voltou para a mesa do jantar com os convidados. Deveria estar de saco cheio e só queria uma cerveja gelada. 

Esta é a cidade que que nos dá o maior espetáculo de dança do mundo, com apresentações e aulas gratuitas por toda a cidade neste período. É a Joinville que mantem uma Casa da Cultura fabulosa com todas as artes e recentemente criou a Escola Municipal de Teatro. 

E tem mais. Em agosto teremos Ópera, em setembro o Pianístico, com grandes talentos do piano, em novembro a mais tradicional e maior Festa das Flores do Brasil.


Cada vez que ouço um idiota falar mal do apoio que os governos precisam dar para as artes, nem respondo por não gastar tempo com obtusos. Essa gente sem cultura possivelmente acha que não precisa arte para viver. Para que Leonardo da Vinci, Shakeaspeare, Michelangelo, Picasso, Guimarães Rosa, Machado de Assis, Dostoievski, Monet Di Cavalcanti, Laurence Olivier, Al Pacino, Juarez Machado e tantos talentos que criam e embelezam nossas vidas.

Esse povinho obtuso não sabe o que é mecenas. Não tem noção de quem patrocinou as belezas de Roma, Milão, Florença, Paris, Londres, Moscou, Praga, Egito, Istambul e tantos outros lugares.

Vale citar o ex-governador Luiz Henrique, que investiu muito em cultura e trouxe a Escola do Teatro Bolshoi para o Brasil. “Uma cidade sem cultura é um mero depósito de gente”. E vou além recordando Titãs “A gente não quer só comida/ A gente quer comida, diversão e arte”

Enfim, este caso de amor e paixão vai durar até a eternidade, como é a arte.

Joinville. O melhor lugar do mundo! Podem ficar com dor de cotovelo.


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