Foram anos de amizade, companhia, carinho e amor. Quase 17 anos de uma ótima vivência. Meu amigo, meu companheiro diariamente me esperava.
Acordava cedo, latia ou batia na porta para entrar em meu quarto. Ali se instalava e ficava cuidando de mim. De vez em quando olhava para ver se eu estava ali. Eu tranquilizava dizendo: Estou aqui, estou aqui.
Quando ia cozinhar o sous-chef du cuisine se instalava bem no meio da cozinha, como se estivesse inspecionando.
Nos últimos dias já tinha dificuldade de se levantar, caminhar e ficava o tempo todo deitado. Só pedia ajuda para suas necessidades emergenciais.
Gemendo possivelmente pelas dores, só se acalmava quando ouvia minha voz. Daí acalmava e ficava me olhando, com um olhar carinhoso, esperançoso e de agradecimento.
O ciclo da vida de Francisco terminou. Foi muito querido e amado e também demonstrou todo seu amor e gratidão.
Nos últimos dias, nas minhas férias, ficamos longos tempos juntos. Lia ao seu lado com uma mão em seu corpo fazendo carinho para ele se acalmar. Piorou e na clínica, ao me ouvir acalmava, na última visita ao me ver, se agitou de ansiedade por me ver.
Ontem à tarde conversei com ele, recostou a cabeça no travesseiro, beijei-o e ele chorou. Eu sabia e ele também que seria a última vez. Na madrugada ele não resistiu. Ficam as lembranças de um amor incondicional. E um pensamento: acho que nunca fui tão amado assim.
10/01/2007
23/06/2023
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