quarta-feira, 14 de junho de 2023

Três gringos e o tesouro da Pedra Furada

 


Um grupo de amigos da localidade de Brusque, interior de Orleans no sul do Estado de Santa Catarina foram criados ouvindo lendas do tesouro escondido pelos jesuítas há mais de 300 anos na região e que a Pedra ou Janela Furada, no Morro da Igreja lá no alto de Urubici daria a indicação de onde está a riqueza dos padres.


Se combinaram de “enricar”, Afinal nunca souberam de que alguém já teria achado o tal tesouro. Imaginaram potes de barro ou arcas de madeira de lei cheias de patacas reluzentes com a imagem do Rei de Espanha.


Nascidos e criados juntos na comunidade italiana, um já pensou em comprar terras e vacas. O outro pensou em importar cepas de uvas para produzir um bom vinho e o outro já queria se mandar do lugar, caso ficasse rico. Afinal a parentagem iria querer um ajutório.


No dia acertado, de verão, pois o frio do sul e na altitude não sobreviveriam, saíram a passos largos que aos poucos foi ficando lento pelo cansaço e altitude. Chegaram no Morro da Igreja, com luneta, olharam através da Janela ou Pedra Furada para imaginar se recebiam uma visão, um cálculo matemático vindo do além para achar o tesouro. 


Passou a tarde e escureceu lá pelas cinco horas. Decidiram descer a serra, porque a busca e os cálculos do trio não deram nada de ideia. Enfrentaram o caminho de volta pelo mato, pedras e descida íngreme e o frio chegando, com vento assobiando pelas orelhas e cortando o couro dos caçadores de tesouros.


Em pouco o breu noturno e gelado tomou conta da grande muralha e lá para baixo nada de avistar uma viva alma, nem luz distante.


A cada passo um barulho diferente. Galhos quebrando, pios de coruja, pássaros noturnos. Lá pelas tantas sentiram um bafo quente e um rosnado. Se for o leão baio não sobra nada dos aventureiros.


Apertaram o passo no meio da escuridão e sentiram o terreno plano. E como se fosse algo anunciado abriu um clarão de luz cheia o que permitiu ter noção de onde andavam. 


Mas o clarão da lua também trouxe as sombras e imagens das imaginações. Foi quando ouviram um som lamentoso de um bebê chorando e galhos de árvores voando. É castigo pela profanação, pensaram.


Ninguém segurou a mão de ninguém. Ali era cada um por si. Adeus tesouro. 


Na manhã seguinte, a mulher de um deles questiona o que houve com a calça toda marrom que escorreu pelas pernas.


  • Cai na ribanceira e sujou de barro - respondeu.

  • Isto não é barro e pelo cheiro…. Já deixei de molho no tanque. Levanta daí e vai esfregar, depois deixe de molho e bota no quarador.


Rapidinho o caçador de tesouros foi direto para o tanque e nenhum deles jamais tocou no assunto da aventura. Ainda hoje quando há uma festa alguém quer detalhes ou provocam para saber se alguém abre o bico. Segredo guardado a sete chaves, igual o tesouro jesuíta.


O que eram os gritos  e árvores que voavam: um Urutau de canto triste, lamentoso e assustador. Parece um pedaço de madeira e voa. Que cagaço!



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