quarta-feira, 15 de novembro de 2023

BATALHA PELO MORRO AZUL


 

Esta semana conversando com o meu amigo de Timbó Márcio Luiz Gessner, fiquei preocupado com a situação que pode desencadear a terceira guerra mundial. Já temos conflitos demais no mundo desde a invasão de parte da Ucrânia pelos russos, conflito também sangrento entre palestinos e Israel, além da pendenga entre Estados Unidos e Taiwan, na China por causa da produção dos chips que movimentam a economia mundial alicerçada na alta tecnologia.

 

Mas o perigo maior é iminente e vem de Santa Catarina conforme o ilustre timboense, que já se prepara para a batalha, que julga vencedora.

 

Afinal de quem é o Morro Azul, belíssima formação natural entre Timbó e Pomerode? Local de beleza, contemplação, entretenimento e para a prática de esportes como vôos e cicloturismo muito forte na região. Se na europa fosse, com certeza ali teria uma bela estação de esqui na neve, spas e um grande complexo que geria milhões através do turismo.

 

Márcio está preocupado e arregimentando timboenses para defender o território a unhas e dentes, com um exército bem nutrido e com amplo estoque de chope, chucrute, marreco e repolho roxo. Não podem faltar as tradicionais Bratwurst para dar energia aos guerreiros. Também eisbein e kassler. As afamadas doceiras já preparam estoques de apfelstrudel, stollen e  Schnecken.

 

Questionei o general comandante das forças timboenses sobre o armamento a ser usado. Me respondeu que montou um QG nas Nações onde estão sendo produzidos bodoques e flechas com penas de pato criados ali na região mesmo. Recolheram, também, muita bosta de vaca que vai ser moldada em pequenas bolas que servirão como granadas.

 

Como hoje é dia da Proclamação da República, feriado, convém as forças antagônicas se reunirem numa choperia em local neutro, ali pelo Cedro e tratar de assinar o tratado de paz, pois uma guerra vai ser terrível. Cidades isoladas e cada um emburrado defendendo: Morro Azul é meu. Outra cidade abraça o tal do morro querendo se adonar. Os de Pomerode vão ficar sem o chope de Timbó, sem a feirinha e sem a beleza do cartão postal do rio Benedito que atravessa o centro e o belo restaurante com visão panorâmica. Já os timboenses ficarão sem a tradicional festa Pomerana, o maior ovo de Páscoa do mundo e não poderão visitar o zoológico, entre outras atrações.

 

Melhor adiantarmos as negociações de paz e definir esta questão do Morro Azul antes do entardecer. Amanhã poderá ser tarde demais.

 

Vou agendar uma reunião com as partes para a tarde em uma confeitaria, daquelas com vitrine de encher os olhos e quem sabe até o final do dia tenhamos um tratado de paz com um dos melhores queijos e melhores chocolates do mundo produtos na região.

 

Sugiro que a gestão do Morro Azul seja bi-partite. Timbó chamará de Morro Azul e Pomerode continua com Montanha Azul. Nem precisará levar este caso para ONU e nem para o Tribunal de Haia.

 

Acho que estes termos são satisfatórios. Agora me tragam um Borck e um Schornstein para selarmos a paz. Prosit!


domingo, 12 de novembro de 2023

O mergulho na piscina duvidosa




Nos anos 90 existia uma casa de entretenimento adulto muito afamada na transbrasiliana, em Erechim na direção para quem vai para a ponte do rio Uruguai e que atravessa para Santa Catarina.


Contam os antigos frequentadores que eram mais de 50 recepcionistas dispostas a atender plenamente os clientes, no casarão situado no meio da selva nos altos do vale do rio Uruguai.


Shows nacionais de artistas gaúchos, nacionais, uruguaios e tangueiros da Argentina. Era uma doma e gineteada todos os dias sem fechar.


As “hostess”, não se chamam assim na época e muito menos “modelos”, tinha para todos gostos. Eram morenas, loiras, italianas, polacas, índias, negras, enfim, todas as etnias vindas de Passo Fundo, Carazinho, Chapecó, Nonoai, Seara e duas primas do Paraná que deram com os costados naquela região. Mas tinha uma “morocha” de sotaque castelhano de perfume inebriante e vestidos sempre bonitos, bem cortados e com aberturas generosas para dançar tango. As outras a invejavam, pois os visitantes com mais tufo na guaiaca faziam fila para dançar com a formosa dama. Contam que era argentina por isso cobrava mais caro por sua companhia. Só pedia bebida boa e nada de cerveja para não criar barriga.


A casa de vários cômodos, situada no meio de um bosque, recebia artistas de renome no amplo palco no salão principal e no terreno uma grande piscina de azulejo. As festas à beira da piscina eram famosas em noites quentes e tardes de jogos do Ypiranga ou quando havia transmissão do Grenal. Não havia telão, internet nem TV moderna. Ligavam o rádio em ondas curtas em uma antena para melhorar o sinal e conectavam em uma caixa de som amplificada do conjunto. Testavam qual o melhor sinal que chega: Guaíba ou Gaúcha.


Os borrachos se animavam, faceiros que nem patos na lagoa. E um conhecido foi com um grupo ouvir o Grenal numa tarde de domingo. Se emocionou com os gols do Grêmio, mandou baixar mais uma grade de Serramalte e gritou para o garçom chamar a “correntina” para lhe fazer companhia. Ela veio e junto trouxe um litro de whisky do bom e caro numa casa dessas. O faceiro nem perguntou o preço. Feliz com o momento e com a vitória do Grêmio, não tinha moça pobre nem garçom de cara feia e muito menos gigolô sem cigarros. Era o patrão.


Lá pelas tantas emocionado pelo resultado do jogo, pela companhia da morena com o calor resolveu mergulhar na dita piscina da casa. Os amigos tentaram impedi-lo, mas todo gambá acha que pode tudo. A dama argentina se afastou para evitar que ela a puxasse para dentro da água.


E lá foi o vivente. fez uma pose na beira da piscina, garrafa de Serramalte na mão e gritava alto: a la pucha tchê. não se assustemo! Neste momento o conjunto gaudério, lascou a tradicional Boate Azul e o bicho véio se jogou na água. A esta altura todos correm para ver o mergulho. e lá se foi ..tchibum. 


Saindo na escadinha o riso foi geral. Saiu molhado e coberto de um líquido viscoso que estava esverdeado já pelas algas e outros fluidos não sabidos pela ciência moderna.


  • Me tirem daqui seus fdp. Alguém me leva pra casa. gritou para os amigos, já com a bebedeira menos forte devido a água no pelo.


Até hoje é conhecido como o “mergulhador da selva”. Parece que se mudou de vergonha e vive hoje ali pelos lados de Videira. Mas vamos deixar de falar da vida dos outros porque está chegando a hora de ir na missa. Bom domingo.