Nos anos 90 existia uma casa de entretenimento adulto muito afamada na transbrasiliana, em Erechim na direção para quem vai para a ponte do rio Uruguai e que atravessa para Santa Catarina.
Contam os antigos frequentadores que eram mais de 50 recepcionistas dispostas a atender plenamente os clientes, no casarão situado no meio da selva nos altos do vale do rio Uruguai.
Shows nacionais de artistas gaúchos, nacionais, uruguaios e tangueiros da Argentina. Era uma doma e gineteada todos os dias sem fechar.
As “hostess”, não se chamam assim na época e muito menos “modelos”, tinha para todos gostos. Eram morenas, loiras, italianas, polacas, índias, negras, enfim, todas as etnias vindas de Passo Fundo, Carazinho, Chapecó, Nonoai, Seara e duas primas do Paraná que deram com os costados naquela região. Mas tinha uma “morocha” de sotaque castelhano de perfume inebriante e vestidos sempre bonitos, bem cortados e com aberturas generosas para dançar tango. As outras a invejavam, pois os visitantes com mais tufo na guaiaca faziam fila para dançar com a formosa dama. Contam que era argentina por isso cobrava mais caro por sua companhia. Só pedia bebida boa e nada de cerveja para não criar barriga.
A casa de vários cômodos, situada no meio de um bosque, recebia artistas de renome no amplo palco no salão principal e no terreno uma grande piscina de azulejo. As festas à beira da piscina eram famosas em noites quentes e tardes de jogos do Ypiranga ou quando havia transmissão do Grenal. Não havia telão, internet nem TV moderna. Ligavam o rádio em ondas curtas em uma antena para melhorar o sinal e conectavam em uma caixa de som amplificada do conjunto. Testavam qual o melhor sinal que chega: Guaíba ou Gaúcha.
Os borrachos se animavam, faceiros que nem patos na lagoa. E um conhecido foi com um grupo ouvir o Grenal numa tarde de domingo. Se emocionou com os gols do Grêmio, mandou baixar mais uma grade de Serramalte e gritou para o garçom chamar a “correntina” para lhe fazer companhia. Ela veio e junto trouxe um litro de whisky do bom e caro numa casa dessas. O faceiro nem perguntou o preço. Feliz com o momento e com a vitória do Grêmio, não tinha moça pobre nem garçom de cara feia e muito menos gigolô sem cigarros. Era o patrão.
Lá pelas tantas emocionado pelo resultado do jogo, pela companhia da morena com o calor resolveu mergulhar na dita piscina da casa. Os amigos tentaram impedi-lo, mas todo gambá acha que pode tudo. A dama argentina se afastou para evitar que ela a puxasse para dentro da água.
E lá foi o vivente. fez uma pose na beira da piscina, garrafa de Serramalte na mão e gritava alto: a la pucha tchê. não se assustemo! Neste momento o conjunto gaudério, lascou a tradicional Boate Azul e o bicho véio se jogou na água. A esta altura todos correm para ver o mergulho. e lá se foi ..tchibum.
Saindo na escadinha o riso foi geral. Saiu molhado e coberto de um líquido viscoso que estava esverdeado já pelas algas e outros fluidos não sabidos pela ciência moderna.
Me tirem daqui seus fdp. Alguém me leva pra casa. gritou para os amigos, já com a bebedeira menos forte devido a água no pelo.
Até hoje é conhecido como o “mergulhador da selva”. Parece que se mudou de vergonha e vive hoje ali pelos lados de Videira. Mas vamos deixar de falar da vida dos outros porque está chegando a hora de ir na missa. Bom domingo.
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