Fomos criados juntos pela avó Elvira e pelos tios Lima e Lili que nos adotaram. Vivemos na mesma casa até que a idade adulta nos separou para cada um seguir seus caminhos, mas sempre próximos por visitas, telefonemas e nos últimos anos pela internet.
Ficam ótimas lembranças de fraternidade, amizade, carinho, respeito, admiração e amor. Quando ele foi servir o Exército eu estava lá com toda família para despedida na estação ferroviária rumo a Alegrete, onde deveria se apresentar no quartel designado. E dez meses depois nova recepção pelo retorno. Era uma festa grande. E com a volta veio um presente que guardei por anos, um carrinho de ferro, que abria o porta malas e as portas laterais. Um luxo. Era meu tesouro.
Eu era um chato e enjoado. Ele e o pai gostavam de ver jogos do Ypiranga. Me levavam e eu incomodava o tempo. Queria água, cachorro quente, pipoca, refrigerante e ir ao banheiro. Ele ficava correndo para lá e para cá comigo perdendo o melhor do futebol, principalmente se a batalha era contra o Atlântico, daí sim o incômodo era maior.
Sempre cavalheiro, calmo, solicito. Nunca o vi se alterar ou falar em tom ríspido com alguém. Foi um bom filho, bom pai, bom marido, bom irmão. Sempre foi uma pessoa confiável, justa e admirável.
Sua vida chegou ao fim aos 74 anos.Estava sofrendo e não podemos querer manter o sofrimento de alguém só para ficar mais dias ou mais horas conosco.
Ficam as lembranças de passeios, de churrascos, de festas, de alegrias e também de momentos difíceis que superamos ao longo de nossas vidas.
Que Deus guarde sua alma.
Meu irmão Saides se foi nesta terça-feira dia 29 de abril, pela manhã. Certamente está ao lado do nosso pai o seu Lima, com quem ele conversava horas em silêncio, e junto da mãe Lili e da vó Elvira que o tinha o “Dico” como seu preferido. Estão em boa companhia, certamente em uma roda de chimarrão.
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