Queria ser Alcindo
Achava o nome bonito, principalmente quando Milton Jung da Rádio Guaíba ou o Ranzolin da Gaúcha narravam os jogos e falavam no Alcindo.Tinha sonoridade.
Recebíamos em casa a Revista do Grêmio. Vinha pelos Correios e o carteiro já gritava lá da frente quando tinha carta ou revistas. Todos se conheciam e o carteiro entrava na casa. Eu via as figurinhas porque ainda não era letrado. Gostava do atacante bugre xucro Alcindo Martha de Freitas.
Não gostava do meu nome. Ora Benhur. Difícil falar e nem todos entendem a primeira vez que ouvem. Em alguns casos eu soletro ou entrego um documento.
Como? Favor repetir. Ben o que...?
Devia ter não mais do que uns 5 anos, pois nem para a escola eu ia ainda. Mas lembro de minha admiração pelo nome Alcindo. Cansei de pedir para a mãe trocar meu nome. Tinha de ser Alcindo. Me imaginei com a capa do Super Pateta e me chamando Alcindo. Que realização seria. Poderia voar com a capa azul do Super Pateta e poderiam me chamar de Super Alcindo.
-”Lá vai super Alcindo com sua esvoaçante capa azul, cruzou o meio campo, passou por três colorados, lançou em profundidade na grande área para Yura, correu pela esquerda voando baixo, recebe um passe de cabeça, mata no peito, a bola escorrega pela coxa e Supere Alcindo emenda um pataço. É gooooolllll do Grêmio”, diria Milton Jung e Armindo Antonio Ranzolin, Faria eco no Rio Grande.
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