domingo, 13 de outubro de 2019

Perdi um grande amigo!

 Perdi um grande amigo!


“Você meu amigo de fé, meu irmão camarada

Amigo de tantos caminhos e tantas jornadas

Cabeça de homem mas o coração de menino

Aquele que está do meu lado em qualquer caminhada

Me lembro de todas as lutas, meu bom companheiro

Você tantas vezes provou que é um grande guerreiro

O seu coração é uma casa de portas abertas

Amigo você é o mais certo das horas incertas”


Esta letra de Roberto Carlos traduz muitas histórias semelhantes.


Convivemos por 27 anos, desde 1992. Somos da mesma cidade Erechim (RS). Em determinada época estudamos na mesma escola nos Subúrbios.

Mas foi em Joinville que nos conhecemos quando entrei na Prefeitura.

Acompanhei seu trabalho e fui parte de sua carreira como assessor de comunicação de seu trabalho na Secretaria de Habitação, como vice-prefeito, como prefeito, como secretário estadual de Educação e deputado federal. Participei ativamente de suas atividades e de suas campanhas eleitorais.

Foi o melhor prefeito que Joinville teve. Não é elogio gratuito. É só avaliar os números. Foi o governo que mais fez asfalto, que mais festa escolas, postos de saúde Pronto Atendimento 24 horas, abrir grandes avenidas como terceira etapa da Marquês de Olinda e a rua São Paulo, construiu a Arena, o Megacentro, o Expocentro, recuperou a Estação Ferroviária. Colocou Joinville num patamar de excelência na Educação por acreditar na equipe qualificada que tínhamos. Concluiu a primeira parte do Complexo Emergencial do Hospital São José. Enfim a lista é grande. Os joinvilenses sabem.

Foi vítima de intrigas,  maledicências e  de processos por denúncias vazias e políticas que acabaram o inocentando ao longo dos anos devido a sua inocência. Inventaram tanta coisa que parece absurdo. E o pior as pessoas tendem a acreditar sem saber do que se trata. Gosto de explicar ao mais idiota. Quando ele teve coragem de municipalizar os serviços de água, correr com a Casan daqui e criar a Companhia Águas de Joinville, foi processado por “improbidade administrativa”. Ele fez o bem para a cidade. Recuperou um patrimônio. Mas ninguém pesquisa e muitos colegas de imprensa também são obtusos: “mas ele tem processos de improbidade”, repetiam em suas manchetes e comentários. Mas nunca leram do que se trata. Sofreu calado com as acusações. 

Era firme, determinado, focado. Tinha resultados. Se não fosse o seu trabalho teríamos imensas favelas, não teríamos os bons conjuntos habitacionais que atendeu milhares de pessoas: Dom Gregório, Ulysses, João Pessoa, João Medeiros, José Loureiro e outros.

Convivemos muito juntos, viajamos pelo mundo. Brigamos, nos separamos, voltamos a trabalhar juntos. Mas a amizade e o carinho recíproco sempre existiu.

Como diz o gaúcho: a porteira não tem tramela. Várias vezes quando via barulho no portão era ele entrando. Quando era prefeito fazíamos encontros/churrascos com colegas e amigos na minha casa e alí ficávamos muitas horas.

Quando eu estava cansado ia dormir e dava o recado: quando for embora encosta a porta. 

Assim foram muitos anos de convivência.

Seu coração era enorme. Tirava de si para ajudar as pessoas. Fui testemunha disso inúmeras vezes.

Emburrado, teimoso, muitas vezes grosseiro, Mas era meu amigo e assim convivemos quase três décadas.

Teria mais três décadas de vida ainda, mas infelizmente se foi.

Que Deus o acolha, com toda sua vontade e sua alma possa camperear livre pelos campos do Senhor.

Vá com Deus! Meu amigo de fé, meu irmão camarada Marco Tebaldi.


quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Pugilista de Joinville

 Pugilista de Joinville



A descoberta só foi feita agora. Mais precisamente na quinta-feira (10) de outubro, na Itália. Nosso colega Maurício Diniz visitando o Estádio San Siro, em Milão, o denominado Estádio Giuseppe Meazza, construído em 1925, foi palco de shows entre a Inter e o Milan e das Copas de 34 e 90.


Mas não é no futebol que Joinville possui esta ligação, porque a história do JEC- Joinville Esporte Clube nós conhecemos, virou um timinho de várzea que vai acabar disputando a série Z de zumbi.


Vamos falar de outro esporte que foi paixão mundial com Mike Tyson, Cassius Clay, Sugar Ray Leonard,  George Foreman, Evander Holyfield, Júlio César Chaves, Rocky Marciano, Popó Freitas e Éder Jofre, entre tantos na história mundial do boxe. O esporte inventado pelos ingleses.

Mas conta a lenda que anós atrás tivemos grandes pugilistas como Alazão que representava Joinville. E teve um lutador brabo, forte e vencedor que defendia equipe da Vigorelli. Sim. Isso mesmo. A nossa riviera francesa: a Vigorelli.


Maurício encontrou uma foto no acervo do San Ciro de uma luta de boxe da equipe Vigorelli, e o lutador é a cara do bandido  da luz vermelha (João Acácio Pereira da Costa) que viveu na região da Vigorelli tendo sido assassinado no Cubatão, em 98, após 30 anos de cadeia.


E os pescadores locais recordam do jovem pugilista que treinava no local quando nem existia pontos de pesca, de banho e nem a balsa. Atravessava a nado até a Vila da Glória, corria até o Cubatão onde está o aeroporto e socava pés de bananeira para deixar as mãos duras. Época difícil. Sem luvas enrolava folhas de de bananeira, várias voltas para poder socar com força.


Treinamento duro, mas com pouca alimentação, só peixe, pirão e às vezes uma linguiça feita por um conhecido que tinha criação de porcos numa chácara no Boehmerwald.


Começou brigando nos bailes, caboclo forte não perdia uma briga. Disseram que devia treinar pois tinha futuro. Assim fez. Caboclo sabido, limpou um pedaço do terreno, cravou taquaras e fez um quadrado. Com cipó e pedaços de cordas das redes de barcos fez seu ringue.

Seguiu adiante e foi derrubando gente. Cada vez mais forte. Defendeu cinturão estadual, brasileiro, sul-americano e o mundial. Estádio de San Siro lotado. Italianos tremulavam bandeiras do Brasil em apoio aos que vieram iniciar suas vidas no sul do Brasil.


San Ciro com lotação esgotada de 42 mil pagantes e lá estava o pugilista brasileiro da Vigorelli e seu adversário um irlandês que defendia o Reino Unido. Da Terra da Rainha vieram seus representantes: God Save the Queen! A italianada, barulhenta como sempre cantavam a Tarantella, pois não sabiam o hino da Vigorelli, nem de Joinville, nem de Santa Catarina e muito menos do Brasil.

Inicia a luta e por 12 rounds a batalha épica segue, entre golpes, sangue, gritos, murmúrios.

Extasiados, trôpegos os dois pugilistas desabam. Silêncio sepulcral no San Siro. Quem vence? O árbitro olhou a multidão e imaginou dar empate. Só olhou  de novo, nem consultou auxiliares (VAR nem pensar). Mediu o tamanho da torcida, a cerquinha que separava os 42 mil italianos e ergueu a mão do lutador da Vigorelli!


Graças ao Maurício que descobrimos este heróis da pátria vigorelense.” Ave Vigorelli.