Pugilista de Joinville
A descoberta só foi feita agora. Mais precisamente na quinta-feira (10) de outubro, na Itália. Nosso colega Maurício Diniz visitando o Estádio San Siro, em Milão, o denominado Estádio Giuseppe Meazza, construído em 1925, foi palco de shows entre a Inter e o Milan e das Copas de 34 e 90.
Mas não é no futebol que Joinville possui esta ligação, porque a história do JEC- Joinville Esporte Clube nós conhecemos, virou um timinho de várzea que vai acabar disputando a série Z de zumbi.
Vamos falar de outro esporte que foi paixão mundial com Mike Tyson, Cassius Clay, Sugar Ray Leonard, George Foreman, Evander Holyfield, Júlio César Chaves, Rocky Marciano, Popó Freitas e Éder Jofre, entre tantos na história mundial do boxe. O esporte inventado pelos ingleses.
Mas conta a lenda que anós atrás tivemos grandes pugilistas como Alazão que representava Joinville. E teve um lutador brabo, forte e vencedor que defendia equipe da Vigorelli. Sim. Isso mesmo. A nossa riviera francesa: a Vigorelli.
Maurício encontrou uma foto no acervo do San Ciro de uma luta de boxe da equipe Vigorelli, e o lutador é a cara do bandido da luz vermelha (João Acácio Pereira da Costa) que viveu na região da Vigorelli tendo sido assassinado no Cubatão, em 98, após 30 anos de cadeia.
E os pescadores locais recordam do jovem pugilista que treinava no local quando nem existia pontos de pesca, de banho e nem a balsa. Atravessava a nado até a Vila da Glória, corria até o Cubatão onde está o aeroporto e socava pés de bananeira para deixar as mãos duras. Época difícil. Sem luvas enrolava folhas de de bananeira, várias voltas para poder socar com força.
Treinamento duro, mas com pouca alimentação, só peixe, pirão e às vezes uma linguiça feita por um conhecido que tinha criação de porcos numa chácara no Boehmerwald.
Começou brigando nos bailes, caboclo forte não perdia uma briga. Disseram que devia treinar pois tinha futuro. Assim fez. Caboclo sabido, limpou um pedaço do terreno, cravou taquaras e fez um quadrado. Com cipó e pedaços de cordas das redes de barcos fez seu ringue.
Seguiu adiante e foi derrubando gente. Cada vez mais forte. Defendeu cinturão estadual, brasileiro, sul-americano e o mundial. Estádio de San Siro lotado. Italianos tremulavam bandeiras do Brasil em apoio aos que vieram iniciar suas vidas no sul do Brasil.
San Ciro com lotação esgotada de 42 mil pagantes e lá estava o pugilista brasileiro da Vigorelli e seu adversário um irlandês que defendia o Reino Unido. Da Terra da Rainha vieram seus representantes: God Save the Queen! A italianada, barulhenta como sempre cantavam a Tarantella, pois não sabiam o hino da Vigorelli, nem de Joinville, nem de Santa Catarina e muito menos do Brasil.
Inicia a luta e por 12 rounds a batalha épica segue, entre golpes, sangue, gritos, murmúrios.
Extasiados, trôpegos os dois pugilistas desabam. Silêncio sepulcral no San Siro. Quem vence? O árbitro olhou a multidão e imaginou dar empate. Só olhou de novo, nem consultou auxiliares (VAR nem pensar). Mediu o tamanho da torcida, a cerquinha que separava os 42 mil italianos e ergueu a mão do lutador da Vigorelli!
Graças ao Maurício que descobrimos este heróis da pátria vigorelense.” Ave Vigorelli.
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