Nos anos 80 quando eu cursava o segundo grau no JB, de Erechim, era muito amigo do Paulão, um investigador da polícia civil. Gente boa, bem humorado e tinha um opala quatro portas, 6 cilindros. Ou seja, bebedor igual o dono.. Ele queria um dia ser delegado de polícia. Cursou Direito em Cruz alta, na época as aulas eram nos finais de semana. Fazia o trecho de 230 quilômetros toda semana. Mas eu saí de Erechim e perdi contato com ele, mas a história envolve investigação profunda, já que o furto foi na casa do investigador.
Era comum as pessoas comprarem engradados de cerveja, caixas que vinham com 24 garrafas de 600 ml. Alguns exibidos iam até Getúlio Vargas comprar direto na Serramalte, que tinha um posto de vendas junto a fábrica.
Ele morava em um apartamento ali na Maurício Cardoso, esquina com rua Alemanha, num prédio que funcionava o antigo Mercapaulo - Banco Mercantil de São Paulo. E aos poucos foi notando que seu estoque de Serramalte estava diminuindo. Mas como, tinha tantas caixas e algumas com garrafas faltando. O gatuno tirava um ou duas garrafas por engradado para “não dar na vista”.
Desconfiado e puto da cara, afinal a bandidagem não perdoa nem casa de polícia! Não teve dúvidas, abriu uma investigação no melhor estilo Sherlock Holmes, que deixaria até Hercule Poirot.
Iniciou desconfiando de uns pedreiros que estavam trabalhando no prédio e tinham acesso pelos fundos para uma área de serviço onde estava o precioso líquido engarrafado. Interrogou, deu uma prensa e nada. Não foram eles. Tirou algumas horas para fazer “campana” na própria residência. Mas não tinha muito tempo para investigar o sumiço de sua cerveja, já que trabalhava em plantões, aulas de noite e as garrafas continuam esvaziando. E o larápio tinha o cuidado de colocar a garrafa vazia no lugar e com a tampa fechada. Só esvaziava no gut”gut!.
Só que num sábado de calor, resolveu se esconder na área de serviço, num cantinho e esperou horas ali. Lá pelas quatro da tarde ouviu passos e uma mão trêmula agarrou firme uma Serramalte. Peguei o ladrão! Agora não me escapa - pensou. E pulou do canto onde estava, escondido coberto com um pedaço de lona:
Mãe! O que tá fazendo. É a senhora que rouba minha cerveja?
Te aquieta guri. Não tô roubando nada. Tá aqui, tem bastante e vim beber uma. Tá calor - justificou a senhora de 80 e poucos anos.
Desfeito o mistério e encerrada a investigação. Nem precisou inquérito.
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