De onde vem o som?
Há alguns anos fizemos nossa confraternização de final de ano na Associação dos Servidores Públicos de Joinville. Quiosque reformado, com ar condicionado, churrasqueira, mesas, cadeiras, banheiros novos tudo organizado.
Cada um tinha sua função. O cozinheiro era o Teodoro que fez uma paella de lamber os beiços. Fez tanto que deu até para levar para casa.
E a festa estava a cargo do nosso colega Maurício. Era para levar o som. Eu cheguei cedo, ajudei em algumas coisas e quando o cidadão chegou com o som fiquei observando. Nada!. Só uma mochilinha que colocou num, canto. Imaginei. Esqueceu, mas vai ter que dar um jeito ou não tem comida para ele.
Em seguida ele tirou uma caixinha de som da mochila e um celular. Mas o que ele sujeito vai fazer? Ligar o rádio do celular? Não vi fio nem nada, fiquei matutando.
Aí curioso cheguei perto e comecei o interrogatório. Me explicou que aquilo era uma JBL Bluetooth. Mas e o fio, como liga? Me explicou que era por ondas do tal de “blutuf”. Fiz que entendi. Mas e vai ligar o rádio do celular: Me falou que não era rádio que era um programa chamado Spotify onde tem todos os tipos de música. Tá bom. Fiquei quieto e me sentei. Abri um Stela e ficou olhando o caboclo terminar a instalação e ver se saia algum chiado dali.
Surpreendente foi quando saiu o som. Enchia o salão com um som de boa qualidade.
Mas um piá de prédio desses nunca teve um toca-fitas e nem uma eletrola de discos de vinil de 33 rotações. Nesta parada eu ganho.
O equipamento da foto é um rádio gravador moderno dos anos 80. Comprei na J.H. Santos em 24 vezes no carnê. Logo havia iniciado a transmissão de FM da Rádio Difusão e tratei de comprar um rádio que pegasse FM, AM e ondas curtas para ouvir a Super Rádio Tupy e a Turma da Maré Mansa de noite e também a Rádio França Internacional que transmitia em português na madrugada, além de pegar a Guaíba e Gaúcha de Porto Alegre. Eu gostava do Gaúcha Repórter com José Antonio Daudt e do Correspondente Renner.
A era do vinil estava passando mas existiam lojas de discos como a do Peninha Som, em Erechim, na esquina das ruas Itália e Marcelino Ramos. Além de vender discos ele gravava fitas cassete. Um luxo. Podíamos escolher as músicas e artistas. Anotava, gravava e saia mais barato do que comprar um disco e dava para levar no toca-fitas do carro de quem tinha ou escutar no rádio-gravador. Elba Ramalho, Fagner, Alceu Valença, Amelinha, Moraes Moreira, Zé Ramalho, Ednardo, Rita Lee, Roupa Nova, Fevers, Ritchie, Kid Abelha, Legião Urbana, titãs, Ira, Capital Inicial, Ultraje, RPM, Lulu, Milton Nascimento, Djavan, Chico, Gilberto Gil, Caetano, Barão, Blitz, enfim a lista de bons artistas era grande. Nem vou comentar o que ouvem hoje…
Agora quero ver qualquer piá de prédio desses de blutuf e ispotifai como se viram com um rádio gravador, uma fita cassete e uma caneta BIC. Quero ver papudo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário