quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Tão parecido

Que bacana! Pensou Eduardo ao receber convite para o reencontro de 30 anos de formatura. Iria rever os amigos, lugares, relembrar a conivência, reencontrar pessoas, ir aos lugares onde morou, rever a universidade, professores, colegas, amigos, vizinhos, relembrar fatos curiosos, alegres e até tristes.


Tinha quatro meses pela frente para planejar sua ida até o distante município onde havia se formado há três décadas. Pesquisou hotéis, formas de chegar, se iria de ônibus, de carro ou avião. Achou cansativo dirigir mil quilômetros, descartou o ônibus que daria quase 20 horas de trajeto. Optou pelo avião que estava mais barato que o ônibus e em poucas horas estaria no destino.


Em um grupo de whatsapp todos já começaram a se reencontrar e conversar, relembrar fatos e situações, mas sempre alguém falava. Não contem tudo, deixem repertório para o encontro. 


Dois dias antes do encontro com cerca de 30 pessoas, Eduardo seguiu pegou o vôo, chegando no município fez check in no hotel do centro, perto do calçadão para poder caminhar e rever os locais onde conviveu por alguns anos enquanto cursava a universidade. Nada mudou nestes anos todos. O centro histórico é igual, mas o mercado público foi reformado e ficou muito melhor, as ruas antigas de paralelepípedo trazem lembranças das travessias em direção a praça central para o chimarrão dos domingos à tarde.

Caminhando um pouco mais chega ao tradicional Café da cidade, onde todos se encontram para um cafezinho ou um lanche. Pediu algumas fichas no caixa, pois se paga antecipadamente pelo consumo. Chega no balcão e as atendentes trazem a xícara quentinha, esterilizada e com um café de aroma inebriante. Ao levar a xícara aos lábios para tomar o primeiro gole, suas papilas estavam em êxtase estimuladas pelo aroma, o olfato entrava pelas narinas e tomava conta de seu corpo. Isto sim é um café. Antes que a porcelana da xícara tocasse seus lábios ele ouve: Oi, você lembra de mim? Ele não queria parecer bobo e confirmou. Claro que lembro - disse. Como você está? Vim para nosso reencontro. Que bacana , que bom te rever. Vamos tomar um café- convidou ela. Ele pegou mais duas fichas no bolso e entregou para a garçonete para que servisse o café.

Sentaram numa das mesinhas e começaram a conversar, aos poucos ele foi lembrando daquela moça, dos tempos de faculdade, das festas. Recordou como se fosse um lampejo divino iluminado da noite que passaram juntos. Foi após uma festa na danceteria ( anos 80), embalados por vinho de qualidade duvidosa acabaram num dos colchões da república. Foi uma noite boa sim, Mas foi só uma vez que estiveram intimamente juntos, já no último ano de faculdade. Cada um foi para seu lado e seguiu seu destino.

Logo em seguida chega um homem que olhando fixamente para mesa se aproxima. Bom dia, disse e todos responderam. Ela abraçou-o e disse que queria apresentar o filho dela ao amigo Eduardo. Achou o rapaz com características físicas muito familiares.. É meu filho. Fez 30 anos em dezembro. 

Atordoado, Eduardo questionou: Porque nunca me falou nada, nunca me procurou? Te procurei, te escrevi, nunca obtive respostas, nenhum retorno seu- ela respondeu. E também não quero que ele saiba. Nunca me casei, e vivo para meu filho. Não estrague tudo. Alertou a ainda bela uruguaia que um dia iluminou sua noite..




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