sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

A voz da Vila

 A voz da Vila


É bom rever amigos que há tempos não víamos. Esta semana reencontrei um baita companheiro que não via há tempos. Gente boa, já me estendeu a mão quando eu mais precisava. E a história dele é como de tantos migrantes que aqui chegaram com uma mão na frente e outra atrás, como diz o ditado popular.


Teve juventude bem difícil, com uma família grande enfrentaram  a escravidão das lavouras de feijão, milho e arroz no Paraná. Conta que dormiam embaixo de árvores para se abrigar das chuvas e todos juntos para não morrer no frio do oeste paranaense no inverno.


Mas lá por 1978 surge a boa nova de que em Joinville havia trabalho. Seguiram  o trecho apenas com a cara e coragem, sem nenhum tostão no bolso. Mas como o emprego era fácil. Chegavam e logo “pegavam na firma”. O salário não era grande coisa, mas dava para comer. Não dava para morar. Foi aí que milhares de famílias começaram a ocupar o mangue e construir barracos sobre palafitas.


Uma das características da maioria dos migrantes é não ter vergonha porque tem “precisão” de viver, comer, vestir. Pegam qualquer trabalho, batem de porta em porta e empreendem. Muitos abrem restaurantes, hotéis, constroem prédios, casas de comércio de nossa Joinville. Espinheiros, Comasa, Vila Paranaense e Boa vista principalmente temos centenas de exemplos de pessoas que transformaram àquela região.


Este meu amigo foi um exemplo de sucesso. Estava destinado a nada ser. Mas quis sua força de vontade a torná-lo bem sucedido. De pouco estudo, mas falava a linguagem do povo. Ajudou no Projeto Mangue, como líder comunitário, pois falava o que as pessoas entendiam. Era alguém “deles” e contribuiu para o envolvimento da comunidade no grande Projeto Mangue. E seu povo lhe deu mandatos. Liderava as massas como ninguém.


Primeira vez que o vi falar foi na inauguração do asfalto de várias ruas da vila. Era um líder da comunidade e as palavras simples penetravam nos corações dos conterrâneos paranaenses que passaram a ter uma vida muito melhor. Isto já nos anos 90 com muita infraestrutura conquistada.


Nas eleições do ano 2004, testemunhei a maior carreata do mundo na vila Paranaense. Tebaldi era candidato a reeleição  tendo Rodrigo Bornholdt como  vice. E Luiz Henrique era governador e veio dar apoio à chapa. Chegando na Vila, ali na sede da associação no final da rua Max Boehm, LHS me chamou e fez um comentário. Disse - Benhur veja só que coisa, quanta gente. Nunca vi tanto carro assim. Este rapaz tem força.


Era um mar de Opala, Chevette, Fusca, camionetas, Uno, Escort, Belina, Kombi, Brasília, Gol, Del Rey, Corcel  enfim uma tranqueira que dava gosto. Uns fumaceavam, outras trancavam os cruzamentos, mas movimentou a Vila.


Foi um sucesso, ótima votação, se elegeu com 4.086 votos e quatro anos mais tarde foi reconduzido como vereador até que desgostoso da política deixou tudo de lado. Precisamos de mais pessoas de bem, mais gente como este líder popular, e prefeitos mais humanos, com coração, que viam as pessoas e as entendiam como Tebaldi, Luiz Henrique e Carlito. 


Chega de almofadinhas que não cumprem mandatos, de gente desumana que não administra nem seu lar.


Um forte abraço ao Quinzinho, Joaquim Alves dos Santos. A Vila Paranaense lhe deve muito por seu trabalho.


 


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