quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Domingos no rio Dourado

 Domingos no rio Dourado



Com o calor do verão me recorda tempo de infância. Lá em Erechim não fazia tanto calor como aqui no litoral e principalmente em Joinville, que é um caldeirão. Deve ser também pela altitude de  783 metros. Em Joinville, acho que tem uma fornalha ligada dia e noite. E aliada a umidade é um paraíso para cupins, insetos diversos e para criar “caruncho”, como diziam os antigos.


Mas voltando 45 anos recordo com alegria das tardes de domingo em rios, açudes, os ditos balneários. Água suja, mas nem dávamos bola. Nem pegávamos doença de pele.


Além das estâncias hidrominerais como Marcelino Ramos e Piratuba, para quem tinha mais dinheiro, os menos afortunados iam para os rios, Dourado e Tigre, além dos açudes particulares de algumas propriedades que abriam para o “turismo”. Praia? Só para quem tinha mais dinheiro, ou quem guardava embaixo do colchão o ano todo para no verão “ir pras praia”. A gringalhada voltava feito camarão. 


    Nunca vim porque não tinha dinheiro e nem iria enfrentar 600 km de distância para sujar meu pé na areia, dormir empilhado e passar calor. É o que fazem centenas de turistas que aportam o litoral catarinense e gaúcho. Imagine a epopéia dos argentinos…


Os banhos de açudes eram divertidos. Nas cascatinhas que tinham por alí também. Mas o bom era levar câmara de carro ou caminhão para descer o rio. Eu tinha uns 12 anos e o vizinho da frente aos domingos de tarde, geralmente ia com sua família nestes locais pelo interior. Era mecânico dos bons e piloto de quilômetro de arrancada com seu Opalão duas portas, envenenado e com rodas de magnésio. O Poletto (não lembro o primeiro nome)  acomodava todos no Opala ou às vezes íamos com a camioneta C-10 Chevrolet 78 da oficina. Todos na carroceria igual uma carga de porcos kkk. Era divertido


Ao chegar no Dourado,  comprava pão, salame, queijo, cuca para o lanche da tarde. Atravessávamos a criação até chegar no riozinho. Alguns pisavam na bosta de vaca, mas era só lavar que a água levava embora. Daí a alegria era total. Jogo de bola na água, câmara de caminhão  e não tinha tristeza. Nem sentíamos os borrachudos. Voltava para casa murcho de tanta água, refrescante, barriga cheia e prontos para iniciar a segunda-feira.


Coisas pequenas, diversões baratas que nos davam a sensação de felicidade.


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