quarta-feira, 25 de março de 2020

A OVELHADA QUE NUNCA COMI

 A OVELHADA QUE NUNCA COMI


Já que estamos de quarentena, vamos contar causos. E como lembrou o Gayoso, em tempos de campanhas eleitorais surgem muitas histórias.

Era o ano de 2001 e Luiz Henrique era prefeito de Joinville, reeleito no ano anterior tendo Tebaldi como vice e começou sua jornada Por Toda Santa Catarina para se tornar mais conhecido e disputar a eleição de governador no ano seguinte. Eram poucos os apoiadores. Sua equipe era o Joãozinho motorista e eu assessor de comunicação. Eu planejava as viagens, recebia os convites, traçava roteiros aproveitando festas populares, inaugurações dos municípios administrados pelo PMDB na ocasião.

Celular era coisa difícil de ter sinal fora dos municípios pólo. Mas alguém ofertou, para testar um celular via satélite. Um aparelho grande, com quase 1 quilo e antena comprida. Coisa que se vê em filmes de guerra.

Naquele final de semana fomos para o Planalto Serrano e fizemos um roteiro por lá. No domingo era a grande festa em Ponte Alta, inauguração do posto de saúde, entrega de novas máquinas em frente a prefeitura e inauguração de uma escola na área rural. Aí que vem a melhor parte.

Depois da inauguração da escola, num salão próximo uma churrascada de ovelha, coisa mais linda. E por carne de ovelha eu perco a estribeira e o rumo. Depois da discursaiada dos políticos, seguimos para o salão, LHS seguiu pelas mesas cumprimentanto o pessoal, eu fazia as fotos também. Sempre levava uma Polaroid e entregava o retrato na hora. Para alguns autografado. Feita a romaria de cumprimentos ele foi conversar um pouco com o prefeito e bebeu uma água. Eu esfomeado, fui para a fila da carne. Fiz um belo prato de dar inveja a qualquer pedreiro. E para minha surpresa ao cortar o primeiro pedaço e levar a boca, alguém bateu nas minhas costas e avisou:

  • Te arranca hôme, o Luiz Henrique tá lá no carro te esperando. 

Não acreditei em desperdiçar aquela paleta de ovelha com farinha de mandioca, pão e maionese. Ele também não comeu nada e queria voltar logo para Joinville.

Ahh, o celular de satélite? Nem sinal de vida ou não soubemos como ligar. E ainda sinto o aroma do churrasco de ovelha e o gosto daquela paleta que nunca experimentei.


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