O dia em que virei ministro
Espera. Não é fake e nem é verdade. Era o ano de 2002, quando Fernando Henrique era presidente e o Marco Tebaldi era prefeito de Joinville. Luiz Henrique, estava em campanha para governador, pois havia renunciado em abril e Tebaldi assumiu o cargo. LHS tinha grande prestígio com o presidente. Era atendido sem ser anunciado. Acho que o Gayoso estava junto e que não me deixará mentir sozinho.
Na época quando ele era prefeito íamos a Brasília todas as terças-feiras tratar de assuntos do município junto a ministérios, autarquias, bancos e às vezes passávamos no Planalto ou Alvorada para uma conversa com FHC. Aquilo sim era presidente que honrava a nação. Polido, bem formado, educado um cavalheiro.
Mas este causo foi mais no final do ano e numa quinta-feira às 22h. Ninguém acredita que alguém estivesse trabalhando num horário desses. Era quando o ministro dos Transportes João Henrique Almeida de Souza, piauiense iria nos receber. Na pauta desvio ferroviário, duplicação da BR 280 e talvez cessão do patrimônio da RFFSA para o município, que depois Tebaldi fez a restauração da Estação Ferroviária completamente.
Após uma maratona de dois dias em ministérios, Congresso no calor infernal do cerrado brasiliense estávamos na audiência. LHS, Gayoso, Tebaldi, senador Casildo, eu e acho que algum deputado federal que não lembro o nome. Afinal se passaram 18 anos.
Todos cansados, subimos pelo elevador e o chefe de gabinete disse que em breve o ministro nos atenderia que estava em outra audiência. Eu nem pensava mais de cansado, sono e fome. Parecia o apocalipse. Sentados nas cadeiras da sala de audiências em uma mesa para 20 lugares. Cheguei, coloquei minha mochila no chão, exausto e enchi um copo com água, o copeiro havia deixado a jarra e os copos. Recostei a cadeira para trás, me espreguicei e doia cada fio de cabelo, músculos e até a pele. Quem cobre política e governo sabe do que estou falando. É uma coisa de sobe e desce de carro, sobe e desce de elevador, acompanha audiência, anota, grava, escreve, manda, telefona, enfim é pior que descarregar um caminhão de erva mate numa tarde de sol.
Mas em certo momento notei um silêncio e o sorrizinho malicioso de todos que olhavam para mim. Me achei! Pensei que estava agradando e comecei a contar uns causos para descontrair, mas eis que LHS fala alto:
Boa Noite ministro, obrigado por nos receber. Quem está em seu lugar é o Benhur, um brilhante jornalista que trabalha conosco. Na hora passou a canseira, me levantei e dei lugar na ponta da mesa ao dono do lugar.
Só restou ao ministro também rir da situação e a mim procurar outro lugar no lado oposto do mesão e prestar atenção na audiência.;
Enfim, por alguns minutos fui Ministro dos Transportes. Ou melhor, sentei na cadeira do ministro.
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