quinta-feira, 14 de maio de 2020

Cara de cavalo é furto do Ricky Martin

 Cara de cavalo é furto do Ricky Martin



  • Vai no hipódromo?

  • Vai a pqp!

  • Qual será o páreo para a corrida da tarde?

  • Vá pro inferno!

  • Abriu uma casa de apostas pela parabólica ali no centro. Tem corrida de cavalo de Rio de Janeiro e da Argentina.

  • Cala a boca que te meto a mão na cara.

Estes diálogos eram comuns no bullying que fazíamos com um colega de trabalho. Lá por 1987 eu integrava a equipe de comunicadores da Rádio Atlântida FM de Pelotas cuja estrutura é bem enxuta. Apenas seis locutores/operadores. E tinha um dos colegas que preservo o nome real, vou chamado de Fernando Cara de Cavalo. É que sua face lembrava algo similar com o dito animal. Gente boa o cara mas já estava traumatizado com aquilo.

Além das piadinhas, um dos colegas gozadores às vezes trazia um pastinho, milho e deixávamos na bancada só para ver o doido relinchar de raiva.

Porém o causo não se trata do focinho dele mas sim do misterioso sumiço de um cãozinho.

É que o Fernando Cara de Cavalo se apaixonou por uma garota ali do Areal. Estava todo bobo. Fugia da programação e colocava músicas que ela gostava, contrariando o coordenador da emissora, mas enfim, era amor demais.

Num belo, meu horário era das 6h às 10h e o colega assumia depois disso e ficava até 14h. Mas só que lá pelas 10h da manhã começou um zum zum na recepção e gente falando alto exigindo entrar para tirar satisfações do colega que estava no ar. Foi informado que era impossível entrar e que esperassem até às 14h quando ele sairia. E ele foi informado da visita e que estariam esperando. Bateu o desespero.

Dali em diante ele ficou imaginando uma forma de sair do prédio sem ser visto e correr para casa. Nós não sabíamos dos motivos da procura, mas ele sabia o que havia feito. Ele olhou a janela de vidro colado do estúdio. Sem chances de sair. Para dar no pé pela saída dos carros precisava descer a escada e passar pela recepção.Do outro lado pelo salão de festas nem pensar. Não tinha saída. A única alternativa era pular do segundo andar pela janela  da redação onde eu ficava, mas era um risco de queda de uns 4 metros talvez.

Chegada às 14h, houve a troca de locutores e o personagem veio na minha sala se aproximou da janela nas minhas costas e disse. “Fica quieto depois te explico”. Deu um jeito de descer segurando num cano desses de calha. Conseguiu descer, correu pelo gramado e pulou a cerca de tela e saiu levantando poeira. Poucas testemunhas.

Meio hora mais tarde ligaram da recepção perguntando se o fulano estava saindo que as pessoas ainda estavam lá. Informamos que havia ido embora e que sua escala de trabalho agora seria dali dois dias das 2h às 6h da madrugada. Não havia celular e nem telefone para avisar. Os protestos em voz alta recomeçaram e queriam falar com alguém. Curioso desci as escadas, me apresentei e perguntei do que se trata, se poderia fazer algo por eles.

  • Me admiro que vocês contratam gente deste tipo- gritava uma moça de uns 17 anos.

  • Se acalme, o que houve não estou sabendo de nada. O que o colega fez? Questionei.

  • É um ladrão de cachorros. Ele roubou meu cachorrinho um poodle e deu para a namorada dele. - explicou a garota acompanhada dos pais e uma senhora mais de idade possivelmente a avó.

  • Mas como você sabe que o cachorrinho é seu e que ele deu para a namorada?

  • Este sem vergonha não sabe que a Dirce é minha prima e moramos na mesma rua. Ele passou na frente da minha casa viu o Rick Martin (nome do cachorro devido ao sucesso dos Menudo), levou e deu de presente para minha prima. Minha vó viu tudo. Quero o Rick de volta.

  • Mas você não pode pedir que sua prima devolva o Rick?

  • Não! Ela disse que é presente de noivado, de compromisso e que não quer nem saber - explica.

  • Ahhhh. Entendi, mas não podemos fazer nada sobre isso. É uma questão particular e posso falar com ele quando ele voltar a trabalhar. Pode ser assim?

  • Eu quero é fincar minhas unhas na cara dele.

  • Me contive. Quase que eu aconselho: “Traga uma escova de palha de aço naquelas que se usa para pentear crinas de cavalos que mais gente vai te ajudar a alisar o pelo dele”.

 Este causo é verídico, verdadeiro e pode ser testemunhado pela minha colega e amiga Rosany, pois trabalhávamos juntos.






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