Gordo que nem um leitão
E aí, como está?
Ainda aqui no distanciamento em home office.
Mas e a família?
Todos bem, saudáveis e cuidados, sem risco de contágio.
Que bom, mas o que vocês tem feito por aí?
Engordando que nem leitão para o Natal.
kKKKK. Mas como?
Deita, dorme, come, bebe, come, deita, dorme, bebe. Cota de ração acima do normal, Já ouviu falar que o confinamento nas granjas de aves e suínos é para dar engorda e corte mais rápido, ou dentro do prazo?
Sim, os integrados fazem isso no oeste.
Assim também é com a gente. Engordando e o Natal está próximo, época de matar o leitão.
Lembrei dos leitões que a gente engordava no terreno para o final do ano.
Chegava com uns dois meses lá por fevereiro e até dezembro eu ajudava a cuidar. Ficava num cercado e ali recebia ração de quirera, farinha de ossos, abóbora, hortaliças, só coisa boa. Tinha de dar banho no leitão para não juntar moscas. Se era macho já vinha capado se era leitoa se criava para o abate sem nunca dar cria.
E lá por perto do Natal, num final de semana de dia bonito era o prazo para matar o bicho. A lida começava cedo. Uns já faziam fogo para esquentar a água que ia pelar o bicho, outros preparavam tachos para fazer torresmo, apurar a banha, outros já iam limpando as tripas para fazer salame, copa e linguiça. Cada um na sua função. Se fazia até sabão com a gordura.
Tudo organizado era hora de pegar o leitão a unha. Coisa difícil Chegou no começo do ano com poucos quilos e após 10 meses de engorda já está pesando 100 quilos.
Quatro homens fortes trazem o porco que fica pendurado pelas patas de cabeça para baixo, num galho de árvore bem forte.
Enquanto um segura a bacia abaixo do pescoço outro corta a artéria com uma faca. O sangue é aparado para depois fazer a mocilha. Os gritos se ouvem lá na outra quadra. É terrível o som da morte.
Drenado o sangue, deita o bicho numa mesa de madeira bem forte. Água quente para tirar o pelo dai abre a buchada. Se aproveita tudo, tripas, rins, enfim toda a miudeza.
Já cortado em partes é hora de separar tudo, moer carnes, temperá-las para fazer os embutidos. Latas de banha com orelhas pés e rabos que serão aproveitados numa feijoada futuramente.
Enquanto isso outra turma na churrasqueira já vai preparando um perfil e uma costela para o almoço.
Final da tarde todos cansados, latas de banha guardadas no porão e varas penduradas no teto cheias de voltas de linguiça, salames, copas e morcilhas esperando a cura.
Dia exaustivo, mas prazeroso. Torresmo quentinho, estoque de carne para um bom tempo e está garantido o churrasco de Natal
Mas há um mistério. O comprimento das voltas de linguiça parecem que diminuem a cada semana. Será que alguém desamarra a ponta, come um pouco e volta a amarrar? Huumm...mistério…
Bom, continuamos engordando que nem leitão, só esperamos que tenhamos melhor sorte.
Tá bom compadre, passando tudo isso vamos carnear um porco.
Mas que culpa o porco tem?
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