Calça Larga e o ajutório
Ontem conversando com o amigo Pedro Cazlza de Treze Tílias, uma das cidades mais bonitas e agradáveis do mundo, lembramos outras dezenas de causos que vivenciamos percorrendo estradas e cidades por toda Santa Catarina.
E por falar em lageanos, como contei a história do lockdown, lembramos de outro vivente serrano. O ícone emedebista Calça Larga, um dos fundadores da sigla em Lages. Nunca arredou o pé, sempre no mesmo o partido passando por dificuldades de escândalos e ostracismo. Continuou firme acreditando e lutando pelas cores emedebistas.
Mas esta história pode já ter sido contada pelo Tio Dorva, biógrafo do governador e senador Casildo Maldaner nas duas edições do Casildário.
Era 1999, século passado. O Casildo, que presidia a sigla, empreendeu a Jornada da Unidade para percorrer o Estado e unir os vários segmentos do PMDB. Na época eu trabalhava com o Luiz Henrique que era prefeito de Joinville e pretendia concorrer a governador em 2002, quando se elegeu sem ninguém acreditar que seria possível tal vitória. Num dos roteiros pelos municípios serranos estávamos já em Campo Belo do Sul ou Cerro Negro, não lembro mais precisamente. Chegou um sujeito de boné, camisa aberta, calça larga meio caindo e puxou prosa:
Não te conheço! Interpelou.
Sou o Benhur, assessor de comunicação do Luiz Henrique, é a primeira vez que venho neste roteiro- respondi
Ahhh. Tá bom home. Eu sou o Calça Larga de Lages, fundador do MDB e ali naquele auto em “truxe” a minha amante e os “fíos” dela- disse apontando para o chevette meio ruinzinho.
Olhei, assenti com a cabeça e disse que era um prazer conhecê-lo.
O Casildo já chegou? Perguntou e respondi que o Casildo e o Luiz Henrique vinham em outro carro que estavam chegando porque fomos até Anita Garibaldi e Celso Ramos onde visitamos as obras da barragem que estava sendo construída.
Logo após uns 40 minutos chega o Casildo e Luiz Henrique com uma camioneta emprestada de alguém da região porque era impossível trafegar com carros pequenos. Não havia asfalto ainda.
Mas foi o tempo de avistar Casildo que o Calça se achegou.
Cumprimentou a todos, adulou e foi direto ao assunto:
Casildo, me arruma cinquenta reais pro combustível. Pediu
Calça, tá difícil não tenho mais. Cada cidade é um ajutório para dar para vereador, candidatos, povaréu vendendo rifa e até número de sorteio de bolo. Respondeu e ia seguindo pelo salão rumo ao palco para a reunião que começaria em seguida.
Mas o Calça Larga que era um caboclo matreiro puxou do bolso da camisa do Casildo uma carteirinha dessas que dizia Senador. E a surpresa. Tinha uns 200 pilas ali. Quatro notas de 50. Rápido nem teve dúvidas, fez o confisco. Pegou três notas e devolveu uma de 50 para o senador.
Casildo pode ficar com essa aqui para ajudar o pessoal - disse ele esticando o braço e alcançando ao senador a carteirinha a nota de R$ 50,00.
Esta é mais uma personagem que encontramos pelas cidades e estradas de Santa Catarina nas batalhas eleitorais. Gente boa, de coração grande como é o Casildo Maldaner e tantos outros líderes que enobreciam a atividade política.
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