Sem selfie mas feliz
Esperei com ansiedade o dia em que ia chegar minha vez de receber a vacina contra a Covid. Algo que deveríamos ter já resolvido desde o ano passado se não fosse a contrariedade do genocida. Enfim, chegou e os brasileiros estão sendo vacinados, uma chance a mais de viver, que meio milhão de pessoas não tiveram no Brasil.
Nos Estados Unidos foi só trocar o truculento e burro por um democrata que a vacina surgiu. Já vacinaram toda população adulta e já estão imunizando crianças e turistas que chegam ao país.
Quando cheguei no Centreventos Cau Hansen, onde fica a central de imunização de Joinville, para receber minha primeira dose me deparei com muita gente. Imaginei “vou perder a tarde toda na fila”. Mas relaxei, afinal eu quero viver. Não importa quanto tenho de esperar.
Perguntei a um dos soldados do 62º Batalhão de Infantaria de Joinville se eu deveria esperar aquela gente toda. O rapaz atencioso organizava as chamadas por horário e a fila de entrada no local da triagem, conferência de documentação. Me explicou que muita gente ia ao local com horas de antecedência “para não correr o risco de perder a vez”, mesmo tudo agendado e com garantia de ter a dose salvadora de vidas.
Sentei, abri o livro de 700 páginas que estou lendo Pilares da Terra de Ken Follett e consegui ler três páginas até que o soldado veio no grande salão e chamou os que tinham agendamento para 16h10min. Era minha vez! Foi rápido e eficiente. Mas o salão continuava cheio de pessoas que tinham ido horas antes.
Conferidos documentos de identificação e requisitos para me vacinar, em seguida chamaram meu nome.
- Cabine 17, por favor senhor. Orientou o outro soldado do 62º BI.
Segui entrei no local, apresentei documentos novamente, respondi algumas perguntas e chegou a hora tão esperada.
Alguém pode tirar uma foto minha enquanto recebo a dose de vacina? Perguntei ao servidor que estava no computador conferindo a documentação e registrando na carteira de vacinação a data que recebi a primeira dose e quando devo voltar para a segunda agulhada que me deixará imune a este vírus mortal.
Senhor, acho que não vai querer registrar, esta vacina é da AstraZeneca e é aplicada em seu quadril, Favor ficar ali com o colega que vai lhe aplicar. Me detalhou o motivo.
Dei dois passos, fiquei olhando para a parede, baixei um pouco o cós da calça e esperei a bendita agulhada.
Vai ser só uma picadinha! Alertou o enfermeiro. Confesso que nem senti. Me recompus, peguei meu livro, casaco e cachecol de lã, pois estava frio e sai da cabine 17, frustrado por não ter selfie mas feliz porque vou viver mais.
Felicidade dupla de chegar aos 57 anos saudável, com muitos amigos, com filhos maravilhosos e agora vacinado. Vamos ver nos próximos dias se vai surgir um rabinho de jacaré e dentes pontiagudos.
Feliz e agradecido a Deus por não ter sido incluído no meio milhão de brasileiros que perderam a vida nestes últimos meses.
Vamos comemorar a vida com alegria. E bom domingo a todos nós.
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