A alegria de um latido
Quem não se sente bem ao ser recebido com um abano de rabo, um latido e uma lambida de seu cachorrinho (a) ou um miado e dengo de seu gatinho (a). É como a letra da música do baiano Dorival Caymmi: “Quem não gosta de samba, bom sujeito não é. É ruim da cabeça ou doente do pé”. Vale para quem não gosta de animais
Tive vários cachorrinhos desde criança e na vizinhança acho que tinha mais cachorros do que gente, o que ocorre hoje na minha rua. Uma rua pequena, mas cada casa tem no mínimo 2 e em algumas chega a cinco.
Mas me remeto há 40 anos quando em feriados, eu voltava para Erechim para visitar a parentagem, principalmente o pai e a mãe. Nunca avisava quando ia, para evitar que gastassem em fazer comida para agradar.
Quando “dava na telha” e sobrava uns trocados ia na rodoviária e seguia o destino. De Porto Alegre saia o Unesul às 23h30min e chegava em Erechim por volta das 6h. Da rodoviária eu ia a pé até em casa, pouco mais 2 quilômetros. Carro de praça era caro. Em meia hora de trote estava me aproximando de casa. Andando pela Avenida Sete fui acompanhando ao longo dos anos a destruição das pequenas casas e o surgimento de edifícios residenciais e comerciais. Perda de qualidade de vida. Não sei qual a graça de trocar uma casa com terreno, cachorros e gatos por um cubículo apertado e horrível.
Chegando perto de casa, rua em silêncio, nada de carros, nem pessoas. Vizinhança toda dentro de casa, cachorrada dormindo. Uns 20 metros antes eu já anunciava minha chegada, que era inconfundível, inimitável. Começa a latir forte, imitando um cachorro grande, depois um cachorro pequeno, um rosnado e simulava uma "discussão" entre cães grandes, pequenos, gatos e um macaco metido que inticava com a cachorrada.
Era uma confusão de au au, graurrrrr e miau que alarmava a vizinhança.
Com a barulheira toda estava armada a confusão e como o quarto da mãe e do pai era o da frente da casa de madeira onde morávamos, eu ouvia:
O Benhur chegou, vou abrir a porta e fazer um café- falava a mão para o pai que ficava um pouco mais na cama.
Este era meu latido poderoso que dava alegria para quem me criou, me amou e encaminhou na vida. É claro que eu não abanava o rabo, mas dava um abraço bem apertado e beijos carinhosos, afetuosos e agradecidos por tudo.
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