sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

1973 um ano de grandes conquistas

 1973 um ano de grandes conquistas



Estava na terceira série do primário no Ginásio Estadual das Subúrbios, hoje se chama João Germano Imlau. Vinha da segunda série, fraco com o boletim tapado de S, na avaliação da professora Neli Maffessoni,  pois na época  os alunos recebiam os seguintes conceitos: Insuficiente, Suficiente, Bom, Muito Bom. 


Aprovado da segunda para terceira série, meio que empurrado, agora a coisa era mais séria e entravam mais matérias. Também mudava de  professora. As aulas eram com a professora Jandira Bisognin. Como eu vinha meio fracote, acabaram minhas tardes livres de correr pelas ruas, andar de bicicleta, ver tv, que era o máximo que tínhamos no século passado.


Nem adiantava a piazada ir lá em casa me convidar para ir pra rua. Foi um ano de clausura estudantil para ver se entrava alguma coisa na cabeça. Minhas aulas eram de manhã e após o almoço, ajudava com a louça, descia as escadas nos fundos de casa até o  pátio, brincava com o Bolinha, meu cachorro, atravessava o terreno, passava pelo temível Kelly, um cão tigrado de 18 anos ou mais já sem dentes que ficava embaixo de uma laranjeira,  e subia a escada dos fundos que dava numa despensa e na cozinha da casa da minha irmã Pepita. Se eu falar o nome dela ninguém vai saber. Mas o nome é Belmy, mas há mais de 70 anos é Pepita.


Naquele 1973 o estudo em casa foi árduo mas com excelentes resultados. Pelo menos 3 horas de estudos e nada de Jim das Selvas, nem Tarzan, muito menos National Kid e Batman. Correr de bicicleta na volta da quadra só depois de terminados os estudos e feito o “tema de casa”.


Naquela época a rede de lojas Grazziotin premiava os melhores alunos. Mensalmente, quando recebíamos o boletim, íamos no Grazziotin trocar por cupons para participar, no final do ano, de um sorteio de produtos aos melhores estudantes da cidade. Mas era só para quem tinha MB e Ótimo. Lavei a égua com uma montoeira de novas boas. Enchi a guaiaca de cupons de boas notas durante o ano.


Lá por dezembro, antes das férias e após a entrega dos boletins, acontecia uma tarde de espetáculo com mágica, brincadeiras, distribuição de pipoca, algodão doce, balas e outras atrações no ginásio dos Maristas. No domingo marcado para o grande evento, alguém me levou e nem prestei muita atenção no mágico e nem nas outras apresentações. Só queria saber  dos brindes.


Começou o sorteio e nada de eu ganhar alguma coisa. Já findando o sorteio o locutor grita o nome tirado do globo:


  • O sorteado é o aluno da Escola dos Subúrbios, Benhur Antonio Cruz de Lima. O povaréu todo aplaudiu e ele ficou me chamando para receber o presente.


 Envergonhado, demorei para sair lá dos fundos, atravessar o ginásio todo, subir a escadinha de madeira que dava acesso ao palco e receber o brinde. Eu tinha 9 anos e enfrentar um ginásio de esportes lotado com milhares de pessoas me deixou meio sem graça. Subi ao palco e ele fez mais uns gracejos e anunciou:


  • Como você foi um bom estudante e teve notas boas, aqui está um presente da rede de lojas Grazziotin e me entregou uma bela caixa vermelha com um jogo de talheres inoxidáveis. Aquilo me encheu os olhos. Me abracei naquela caixa e voltei rápido para meu lugar. Já queria ir embora para levar para casa. Vai que me pedem de volta… ou me roubem no meio do povo..


Não via a hora de chegar em casa e dar de presente para minha mãe. Acho que foi o primeiro presente que dei a ela. Anos depois quando comecei a trabalhar a primeira compra foi uma máquina de lavar daquelas que parecia um tonel de madeira. Ficava na cozinha assim evitava que ela tivesse de  descer até o tanque que ficava no porão úmido e no canto atrás do tanque de roupas morava um sapo gordo. Boas lembranças.


Ahh, devo lembrar que só naquele ano fui um aluno MB e Ótimo, no meio século seguinte apenas mediano entre notas de 5 a 7, mas “Tão bão ansim”.


Nenhum comentário:

Postar um comentário