domingo, 22 de setembro de 2024

O CHURRASCO ESTRANHO

No 20 de setembro os gaúchos e gaúchas de todas as querências comemoram o Dia da Revolução Farroupilha, uma peleia que começou em 1835 e durou dez anos, há 189 anos. Entre lanças, pontaços, adagas, baionetas, patas de cavalo, o Rio Grande do Sul enfrentou o Brasil. 


Ao longo dos anos esta data é cultuada e se criou a Semana Farroupilha. Mas o gauchismo não é só de quem nasceu no Rio Grande do Sul. É um momento de liberdade, de esperança, de cultura, de bons valores, respeito, civilidade e também de relembrar vitórias, pelejas e contar vantagens e causos aos amigos. 


É como diz a letra da música Não Podemo se Entregá pros Home, de autoria  dos compositores: Francisco Alves / Francisco Scherer / Humberto Gabbi Zanatta e defendida por Leopoldo Rassier: Foi vencedora da Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana em  1982. E diz assim:  “O gaúcho, desde piá, vai aprendendo; A ser valente, não ter medo, ter coragem; E, em manotaços do tempo e em bochinchos; Retempera e moldura a sua imagem”.


Assim é o gaúcho. Meio papudo também. Para a gauchada só há dois times Grêmio e Inter, Os melhores cantores são os noss, desde Lupicínio Rodrigues, Nelson Gonçalves, Elis Regina, os melhores grupos gaúchos como Os Monarcas e os Serranos e uma montoeira de bons cantantes como os Fagundes que criaram o hino Canto Alegretense. E tem os rockeiros do Engenheiro do Hawai, Papas da Língua, TNT, Nenhum de Nós, Cascavelletes, Cachorro Grande e antes nos anos 70 todos ouviam Almôndegas, grupo criado por Kleiton e Kledir. Quem não lembra de Vento Negro, composição de José Fogaça que depois foi senador por vários mandatos e prefeito de Porto Alegre. 


E o churrasco ninguém sabe fazer. Só nós. E nesse aspecto fui convidado para um churrasco de 20 de setembro na casa de um amigo que tem um cunhado lá do hemisfério norte, ou de outro planeta. Não é que o vivente apareceu a caráter para homenagear a gauchada? 


Quando vi, me caiu os butiá dos bolsos. Calça jeans colada, cinto de fivela enorme dourada do rodeio de Barretos, bota country cravejada de ilhoses, camiseta Vans e lenço do Guns N` Roses. Cada uma deveria trazer algo para ajudar no churrasco.


  • Olá pessoal. Vim trajado como manda o figurino. Trouxe aqui linguicinha gourmet e sal do himalaia. Dizem que é milagroso. E tem também uma especialidade, uma cerveja artesanal de chocolate com pimenta, que é o último grito. Se apresentou a figura.


Olhei o vivente, pensei e preferi ficar de boca fechada. Como diziam os antigos: boca fechada não entra mosca. Dei uma bicada na cachacinha de Santo Antônio da Patrulha e larguei uma prancha de alcatra no fogaréu. Se ele jogasse o sal do himalaia por riba de meu assado, aí sim, iria começar uma nova peleja Farroupilha.  E dê-lhe pranchacho  de três listras e relhaço com rabo de tatu.


Parabéns gauchada. E não precisa nascer no Rio Grande do Sul para amar  e perpetuar a rica cultura gaúcha que está espalhada por todo o planeta Terra. Tudo começou há quase 200 anos na Nação Gaúcha, que fica aqui do ladinho de Santa Catarina.


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