Planejada a viagem entre os amigos, tudo pago e um importante cidadão, que vamos chamado de Antonio, viu o roteiro de 1.551 km a percorrer atravessando Paraná, São Paulo e Mato Grosso até chegar no pesqueiro em Corumbá, foi rápido na decisão. “Estou com uma crise de ciático e não aguento tudo isso num banco de ônibus”, justificou. E a dor, de acordo com ele era pior que dor de parto. Tinha ido em clínicas particulares e até em benzedeira afamadas, tomado garrafada e nada.
Combinou que iria até São Paulo de avião, lá pegaria outro vôo com destino a Campo Grande. Encontraria lá na capital do Mato Grosso do Sul o grupo que viajava num moderno ônibus leito de dois andares fabricado pela Busscar.
No dia marcado, bem cedinho a turma do ônibus sai rumo ao Paraná. Seguem pela BR 101, entram em terras paranaenses até a primeira parada para o almoço em Ponta Grossa. Mas nesta parada tinha uma novidade. Lá embarcaram um grupo de “comissárias de bordo”. Serviam, entretiam e só não levaram aparelhos de medir pressão. Bem. Afinal, nenhuma saberia manusear ou saber o que significa 12/8 ou 20/10. Aí a viagem começou a ficar animada. Deviam dar parabéns ao “manager” que planejou a viagem, pensou em quase tudo.
E dá-lhe estrada. Rodas comendo na BR 376 até lá em Mauá da Serra onde se pega a rodovia estadual 445 em direção a Londrina e vai em direção ao oeste de São Paulo. Atravessa o Paranapanema, passa a lo largo de Presidente Prudente e come mais asfalto. Enquanto isso, alguns dormem babando de boca aberta, outros no carteado embaixo e os mais astuciosos no belvedere apreciando a viagem em boa companhia, Belvedere porque dá para ir vendo a viagem naqueles janelões do andar superior bem em cima da cabine do motorista. Deita, apoia os pés no vidro e toca a viagem. Passa Prudente, passa Venceslau e segue em Presidente Epitácio onde se atravessa a grande ponte de 2.550 metros que liga os estados do Paraná e Mato Grosso do Sul. É um marzão de água doce, coisa mais linda do mundo. Tem muito chão pela frente.
Dez horas depois o possante de dois andares fabricado em Joinville entra no pátio do Posto América 2, perto do autódromo. Lá estava o personagem do nervo ciático com sua malinha de mão. Chegou no aeroporto, pegou um táxi e ficou esperando no posto. Finalmente os pescadores chegaram. Dalí pra frente mais 500 km e chegariam a pescaria. Alguns desceram para esticar as pernas, outros ficaram no ar condicionado do ônibus por que naquele desertão de terra vermelha às margens da BR 262 o calor estava de riscar chifre no asfalto.
Vamos lá pessoal, vamos chegar ainda cedo. Vamos subir - ordena o chefe da equipe. E Antonio com dificuldades de subir ao segundo andar, já que as escadinhas são estreitas e em formato de L recebe ajuda com a malinha e lá se foi degrau por degrau.
Escalados os difíceis degraus da escada interna do ônibus, que naquela altura parecia escalada do Aconcágua ou do Everest, Antonio meio cansado se deparara com o resto da turma e lá do belvedere uma voz feminina esfuziante grita e vem correndo abraça-lo;
Antonio, você aqui, que saudades! - ele não acreditou.
Seguiu a viagem no belvedere. É difícil se esconder até com 1.500 quilômetros de distância. O manager deveria saber se a “comissária de bordo” já havia trabalhado por aqui. Sim esta havia prestado serviços na Barra Velha e conhecia a maioria dos pescadores.
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