Eu nunca mais vou te esquecer
Esta é uma música de Moacyr Franco lançada em 1972 que fez muito sucesso na época e até hoje é regravada. Cantada com emoção pelo compositor/cantor fazia alguns fortes de alma chorar sob o efeito de alguma bebida, que mexiam com seus sentimentos e traziam lembranças. Assim era um amigo meu. Baita companheiro. Gostava de churrasquear todo final de semana e não se contentava com um dia só. Começava na sexta-feira cedo, lá pelas 17h já estava no BIG enchendo o carrinho. Faça chuva ou sol o braseiro estava sempre aceso.
Finais de semana era churrasco, cerveja, vinho e até “porta aberta” (bebida comum, principalmente no mercado público de Porto Alegre. Uma mistura de vinho com Coca-Cola). Quando a coisa esquentava preparada um Rabo de Galo (cachaça com Vermouth). Era metido a cozinhar entrevero, feijoada, carreteiro e outras iguarias. Não tinha tempo ruim e se tivesse jogo do Grêmio na TV aí era mais um churrasco dia de semana. Para ele todo dia era dia de comemorar, até mesmo pelo milagre de viver e apreciar as coisas simples e belas da vida, como estar entre amigos, conversar contar causos, piadas, comer beber, dar risadas. Soube aproveitar a vida com intensidade até que aos 48 anos o câncer lhe levou.
Mas voltemos aos churrascos e noitadas. Era caseiro. Sempre na sua churrasqueira, convidando amigos e lá na madrugada quando todos iam dormir, ele que já estava em casa abria mais uma e prometia para ele mesmo. -É a última, a saideira!. Copo vazio, abria outra e nova promessa. Não deixava a gente ir embora: - Só mais uma uma, fica aí. E enigmaticamente balbuciava sussurrando: “Nunca mendigues amor! Não vale a pena!”.
E ao fundo da churrasqueira um toca-discos Gradiente meio empoeirado, fanhoso com caixas de som comidas pelo cupim saia um sonzinho meio fraco. Até parece que o cantor já estava cochichando e cansado. E todo final de noite, de madrugada o disco e a canção eram os mesmos: Moacyr Franco; Eu Nunca Mais vou te esquecer. Sim, claro, daquele elepê de 72 que guardava com carinho até hoje. Capa ensebada, vinil riscado para a última faixa do lado A intacta. Deitada no piso a cadelinha que parecia entender o sentimento do dono que enchia os olhos de lágrimas ao ouvir Moacyr Franco. A cachorrinha vinha lambia os pés dele e resmungava algo na língua de cachorro, algum lamento de compaixão pelo sofrimento da alma e coração de seus companheiro de churrascos.
Sempre tive curiosidade de perguntar qual foi sua grande paixão, qual foi sua dor de amor ou cornismo para cultuar esta música que conta a história de um grande amor que Prometeu amor e devolveu saudade. Não perguntei e nunca mais tive a oportunidade para isso. Deve ter sido algo muito profundo, cujo segredo levou consigo. Vamos cantar juntos, então...e abre a última.
Se eu tivesse o coração que dei
Tivesse ainda ilusão, nem sei
Coragem pra recomeçar no amor
Bobagem, pois amor assim, só um
Agora é vida sem razão, porque
Tentando orar eu só rezei você
A sua ausência mais e mais me invade
Pediu amor e devolveu saudade
Eu nunca mais vou te esquecer
Eu nunca mais vou te esquecer, meu amor
Agora é vida sem razão porque
Tentando orar eu só rezei você
A sua ausência mais e mais e mais me invade
Pediu amor e devolveu saudades
Eu nunca mais vou te esquecer
Eu nunca mais vou te esquecer, meu amor
Eu nunca mais vou te esquecer
Eu nunca mais vou te esquecer
Eu nunca mais vou te esquecer
Eu nunca mais vou te esquecer, meu amor
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