Li no jornal de Erechim que aconteceu uma grande confusão em Faxinalzinho, onde fica a reserva indígena kaingang do Votouro.
Foi na véspera do Natal deste ano, dia 24. Estava tudo preparado para um evento de Natal no centro da cidade. Começou um empurra-empurra, discussão mais acalorada, possivelmente por algo fútil, mas a “marvada” que atormenta as idéias ferveu.
Um guarnição de Pedro e Paulo, ou seja um dupla de brigadianos foi intervir para acalmar a indiada. Abordaram os brigões pedindo que parassem. Utilizaram o tal spray de pimenta. Mas o que é um spray de pimenta para quem está acostumado com mato, picada de borrachudo, uivo de coruja, corrida de leão-baio, mordida de cachorro do mato e picada de jararaca? Qualquer chá de carqueja e um trago de cachaça mata qualquer veneno.
Os brigadianos não deram conta e correram para o auto usar o rádio e chamar reforços. A Polícia Federal que tem jurisdição para área indígena é longe. Plantonistas não iriam. Solução foi ligar para o quartel em Erechim. Em uma hora chegaram mais três guarnições enquanto isso a peleia estava cada vez mais feia
Ao ver o reforço a indiada incendiou mais ainda. Voava garrafa de Serramalte e de pinga, mas tudo vazia. Voava cadeiras que alguns trouxeram para sentar e ver a apresentação de Natal. Até um cepo de cerne de angico foi atirado acertando uma luminária que veio abaixo.
Quando viram o campo de guerra os brigadianos sentiram que não estava bom para eles. Pensaram em recuar, mas deixar por isso mesmo? Foi quando o alvoroço aumentou.
Do meio do povaréu revoltado e brigão, surgiu um índio curto e grosso, de chapéu tapeado na testa, abrindo caminho em direção aos policiais. Brandindo um facão três listras e o povo abrindo alas como se fosse Moisés abrindo o mar. A cada 10 passos riscava o facão nas pedras que relampejava na noite escura.
Chegou em frente aos brigadianos, deu um pranchaço de facão nas costas de um, no pescoço de outro, abriu o capô do carro da polícia com um faconaço bem dado, furou os faróis do segundo veículo e quebrou a vidraça de um terceiro carro com um golpe só.
Assustados, os brigadianos recuaram a pé em direção a São Valentim para pedir mais reforços. E o índio curto e grosso riscou de novo o facão na pedras e gritou:
Te arranca daqui!
Observou alguns minutos os brigadianos seguirem o caminho de volta, voltou e atravessou a multidão. Se fez silêncio. Pegou a estradinha que vai para o campo santo e sumiu na escuridão. A indiada se olhou uns para os outros, meio curando o porre e ficaram com a pulga atrás da orelha e o falatório já começou.
Mas este vivente era o …..
Não pode, morreu há mais de 60 anos
Benza Deus…Mas o três listras era o dele..
Vamos tomar mais uma porque isto é coisa de outro mundo.
Já estava raiando o sol quando chegaram mais brigadianos e encontraram só o cenário da batalha campal. Nenhuma viva alma. Quem sabe na Missa das 10h. Mas antes que o índio curto e grosso volte decidiram retornar ao quartel. vai que ele volte….
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