Num final de tarde de domingo ele estava abandonado no meio da rua. Assustado, choramingando, com fome sem saber para onde ir. Era uma rua pequena de terra, eu dirigia devagar. Parei e recolhi. Por uns dias cabia em uma caixa de sapatos. Limpo, medicado, alimentado começou a reconhecer seus domínios. Era uma bolinha de pelos que rolava pelo pátio, pela casa. Curioso e ranzinza.
Hoje completa 16 anos, o equivalente a 80 anos humanos. E com isso os mesmos problemas de uma pessoa idosa que requer cuidados, atenção, carinho e amor.
Dói as juntas, já não tem mais forças para se levantar sozinho. Quando quer algo late, resmunga. Alguém tem que atendê-lo. É pegar pelas ancas e levantar o traseiro e esperar estabilizar para que não caia de novo.
Como todo idoso, suas necessidades não param. Quer trocar de local, mudar de lado ao ficar deitado, quer comida, água, fazer o número 1 ou fazer o número 2.
Odeia ficar sozinho. Quer companhia o tempo todo. Levanta cedo. Geralmente às 5 horas já chama para que o ajudem. Vai direto no meu quarto e ali fica. Gosta de ver as notícias pela TV, com o ventilador ligado e apreciar os passarinhos que iniciam o dia cantando. Cochila, às vezes dorme e baba no chão. Volta e meia acorda e olha assustado para minha cama.
Estou aqui, estou aqui. Fica tranquilo. Digo e abano para ele ter a certeza de que ninguém o abandonou. Mais tranquilo volta a repousar a cabeça no chão para mais um cochilo.
Quando vou cozinhar ele fica nos pés, vou tomar chimarrão, igualmente.
Quando saio para trabalhar explico que ele cuide da casa e ele ouve atentamente.
Ao chegar ele estará lá sorrindo para me ver.
Francisco o Imperador dos domínios do pátio, é um encrenqueiro, mas é amável, faz parte de nossas vidas. Pede tão pouco por tudo o que ele oferece. Por isso prefiro os cães. Pena ter que viver com humanos.
Parabéns Chicão.
terça-feira, 10 de janeiro de 2023
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