Todos os dias as duas irmãs brincavam no pátio da casa, com a esperança e a inocência de que a cegonha chegasse logo. Afinal a mãe contou a novidade de que chegaria mais um bebê para se juntar aos quatro irmãos já nascidos, sendo três garotas e um mocinho mais velho.
Sentavam em uma pedra grande na frente da casa, no meio da floresta, pois viviam em lugar ermo que pertencia a uma serraria que desmatava pinheirais e madeiras de lei. Mas nada disso importava. Os céus do sul, azul da cor do paraíso, renovava todos os dias a esperança da chegada da cegonha com a prometida criança, que elas deveriam ajudar a cuidar. Seria uma novidade e um entretimento.
Logo após o meio-dia de um sábado presenciaram a movimentação diferente na casa e uns grunhidos como se fosse filhotinho de cachorro. As duas ficaram de longe, curiosas com o acontecido e espiavam para dentro da casa. Nada de alguém sair e dar conhecimento do ocorrido.
Olhavam para o céu, espiavam para dentro da casa, subiam na pedra,desciam da pedra e nada da tal cegonha com um pano branco e uma criança enrolada, segurando pelo bico. A inocência as fazia acreditar.
Um pouco depois uma comadre da vizinhança surge com uma caixa de sapato e um ser magro, feio e doente. De tão pequeno e miúdo nem tinha como segurar nos braços. Era preciso uma caixa de sapatos para segurar o vivente, que pelo conhecimento,não vingaria. Não passaria daquela noite.
Olharam uma para a outra. Olharam para o céu e perguntaram:
E a cegonha?
Entrou pela janela e vocês não viram. Agora juntem lenha, busquem água no poço e esquentem mais água para dar banho neste bugrinho. Explicou a comadre e parteira da vizinhança.
A tal da cegonha com o bebê no bico não apareceu, mas o vivente sobreviveu e está gordo, bonito e lustroso que dá gosto de olhar. O fato é verídico, verdadeiro, com testemunhas e ocorreu em 16 de maio de 1964, no meio do mato, lá pelos lados de Planalto/Alpestre/Faxinalzinho (Votouro).
E elas continuaram acreditando na cegonha? Sim, até ficarem mocinhas.
crédito imagem: Sempre Família
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