sábado, 20 de julho de 2019

Deus não é uma placa

 Deus não é uma placa


Após um final de semana de tempo ruim, na época da aprovação do primeiro turno da Reforma da Previdência, a segunda-feira foi de sol aberto. Dia claro, bonito, céu de brigadeiro.

Fila no bandejão enorme, já que aparece mais gente em dias sem chuva ou frio.

  • Deus não é uma placa na parede. Não acreditem nestas igrejas. Aceite a palavra do Senhor- bradava uma senhora com mais de 60 anos certamente. Cabelos compridos presos, pele branca, casaco de malha sobre uma camisa branca. Vestido comprido típico de frequentadores de religiões evangélicas. Entregava um folhetinho para cada um.


A cada entrega, repetia o falatório e no melhor estilo Cabo Daciolo (mais divertido dos presidenciáveis) repetia após cada folhetim entregue:

  • Glória a Deus, irmão.

  • Glória a Deus, Amém, irmã - repetiam alguns. Outros apenas pegavam o folheto e guardavam, outros como eu liam. Também guardei.


Deus fica perto dos que estão desanimados e salva os que perderam a esperança” - Salmo 34, 18. Este era o teor do folheto.

E a fila continuava. O falatório também.

Dois senhores que habitualmente almoçam no Restaurante Popular, onde pagam R$ 1,00 conversavam na fila sobre o que será deles com a nova reforma, o desemprego, as situações de vida e as piores das perspectivas para eles na situação como vivem e o valor do salário mínimo que nunca sai disso.

Ela,de orelha em pé,  não se conteve e se meteu na conversa.

  • Eu e meu marido ganhamos salário  mínimo a vida toda. Temos a nossa casa. Sabem porque isso? Ele nunca bebeu uma gota de cachaça e eu nunca fui num salão pintar as unhas. Nunca fui dessas que pinta as unhas.Glória a Deus, irmãos - gritou na fila a senhora.

  • Glória a Deus irmã, responderam sem contestar, apenas resmugaram algo inaudível, possivelmente contrariedade pela pregação.

Eu fiz igual o Daciolo fui para o  monte. Monte de comida no bandejão. Não era o Monte das Oliveiras. 


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