terça-feira, 27 de agosto de 2019

Onde você mora?

 Onde você mora?


Há 40 anos não o via. Estive em Erechim no feriadão de junho e aproveitei para dar uma volta na cidade, caminhar um pouco, rever locais. A cidade cresceu muito. Novos loteamentos espalharam por todos os lados. 


Caminhando pela Maurício Cardoso, dobrei e entrei na Torres Gonçalves e fui até o Sonda (Master). Caminhei pelo mercado, entre meio as gôndolas. Ali comecei a trabalhar aos 13 anos em 77. Era empacotador, levava as compras nos carros e no final do expediente a garotada levava as garrafas para o porão e cada dia um na escala varria o estacionamento, lá pelas 22h. Ganhava meio salário mínimo.


Andando sem muita preocupação, um sujeito magrelo, cabelos crespos e desajeitados, óculos fundo de garrafa veio em minha direção. Fique preocupado. Que bicho estranho - pensei.

  • Você é o Benhur, que estudava no Polivalente? Que trabalhou na rádio? Indagou.

  • Sim, sou eu - respondi meio sem saber do que se trata.

  • Não lembra de mim? Sou o Pateta. Estudamos juntos no Polivalente.

  • AAhhh! Que bacana, há quanto tempo. Legal te encontrar. O que anda fazendo?- interpretei fazendo esforço para me lembrar do Pateta. Mas qual era seu nome? Aí já é difícil de eu lembrar.

  • Vai lá em casa, faço um, chimarrão e um churrasco - convidou Pateta.

  • Vou sim , mas me dá o endereço, que passo lá te fazer uma visita.

  • Sabe onde é o São Cristovão?

  • Sei - confirmei

  • Tu sobe o morro da Cerâmica segue reto até na casa do corno.

  • Como? Casa de quem? - questionei estranhando a referência. Devo ter ouvido mal.

  • Moro lá perto da casa do corno. Todo mundo sabe onde é a casa do corno. Fica na esquina, eu moro do lado da casa do corno. Insistia em me explicar.

  • Tá bom, eu acho, sem problemas. Te aviso antes quando eu for. Um abração. Me despedi e segui pelas gôndolas bem rápido

  • Te espero. Vai mesmo - acenou Pateta.

  • A localidade existe, a lenda também, mas nem quis perguntar o nome do vizinho que deu origem ao local conhecido na cidade.


Localidade e ponto de referência estranha: Casa do Corno. Bela história para o Nelson Rodrigues.


terça-feira, 20 de agosto de 2019

Ypiranga e o piá chato

 Ypiranga e o piá chato


Neste domingo o Ypiranga de Erechim completou 95 anos, quase a idade de Erechim.

Seu monumental Estádio Colosso da Lagoa no final da avenida Sete de Setembro, até hoje chama atenção de quem entra e sai do município.


Mas quando foi inaugurado era distante. Era o final da rua, perto da BR e do asilo e na frente um grande chiqueirão de porco. Acho que era dos Tozatti.

Aos domingos, espetáculo na grama verde. Enfrentava o Atlântico, rival histórico (hoje não existe mais). O Tagúa, o Passo Fundo, Glória de Vacaria e quando vinham os grandes do coração gaúcho Grêmio e Internacional era casa cheia. Mais de 22 mil pagantes.

Aos domingos o programa era este. Após o churrasco do meio do almoço, pança cheia uma descanda e lá pelas três cada um com seu radinho de pilha iniciavam a caminhava rumo ao estádio. Dava uns 3 quilômetros a pé.


Após pagar ingressos na bilheteria, passava os portões do Colosso, a visão ampla de um estádio enorme, grama verde, arquibancadas bem cuidadas. Chamava atenção um enorme garrafão para doações de dinheiro. Coisa mais linda um garrafão cheio de dinheiro.

Sentados esperando o jogo e começa a incomodação:


  • Mano quero ir no banheiro - Lá vão ao banheiro.

Começa o espetáculo com o apito inicial do árbitro conhecido como Chita (alusão a macaca do Tarzan, muito popular nos anos 70). Todos com os olhos vidrados no clássico.

  • Mano, quero cachorro quente. Lá mais uma caminhada sem ver o jogo, pedindo licença entre as pessoas até chegar na barraquinha distante. Vai e volta.

  • Mano, quero ir no banheiro, de novo - Com paciência o irmão mais velho levanta o piá e leva de novo. Perde o primeiro gol. Estava esperando o mais novo.

Sentados finalmente, quase no final do primeiro tempo. Ypiranga vencendo por 1 x 0  o Atlântico. Colosso da Lagoa jorrando gente pelo ladrão. Um espetáculo. Intervalo de 15 minutos e lá vem de novo:


  • Quero pipoca. Imagina achar o pipoqueiro naquela multidão. 

Começa o segundo tempo. Equipes entram em campo. Os canarinhos de amarelo e o Atlântico de grená. Chita apita e inicia o espetáculo. 

  • Mano, quero laranjinha. O Piá não dava folga. Olham para os lados, nada do vendedor de refrigerantes. Lá se vão os dois novamente no meio da multidão em busca da Laranjinha Balvedi.


E assim foi todo o segundo tempo. E aos 40 minutos do segundo um chutão do meio de campo a bola voa e encobre o goleiro do Ypiranga: empate. Chita apita rapidamente nem dando tempo de reclamar. Não existia VAR. Foi uma chuva de radinhos de pilha no meio do campo que parecia uma tempestade de meteoros. A Brigada Militar escoltou Chita para o túnel. E depois na viatura levaram o trio de arbitragem. 



  • Mano, me leva tô cansado-

  • Que piá chato!. Reclamou o irmãos mais velho, e tinham mais três quilômetros para voltar para casa.

Obs: o piá chato era eu. Nunca levem um piá chato num jogo ou num show. Eu tinha uns 5 ou 6 anos.


segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Jesus te ama

 Jesus te ama


Nesta segunda-feira manhã estava fria, o vento gelado espantou um pouco os clientes do Popular. A fila andou rápido, Ninguém queria ficar por ali com a temperatura baixa. 


Até parece que em manhãs frias diminui a fome, porque menos gente vai almoçar. 

Arroz, feijão, alface,berinjela, pirão, peixe e maçã de sobremesa. Tudo saboroso, bem feito, limpinho. 

Sento na frente de um rapaz, cerca de trinta e poucos anos. Visilmente agitado, Comendo rápido, enchendo a boca. Os antigos diriam: sujeito sem modos na mesa.

Salão com muitos lugares ainda. E uma senhora que terminou sua refeição, entregou o bandejão no balcão e iniciou sua romaria entre as mesas:


  • Jesus te ama. Ele vai voltar. Pregava alto sem que alguém a proibisse ou comentasse algo.

Alguns diziam amém, outros só olhavam.

  • Jesus é o salvador. Ame Jesus. Bradou a senhora de cabelos compridos, presos com elástico, vestido comprido e uma sacola, daquelas que se leva para compras.

Meu  colega de mesa. Não arredou os talheres frenéticos que levavam a comida a boca. 

  • Agora., não!

  • Mas Jesus te ama - insistiu a senhora.


Agora não. Não quero! Vociferou o rapaz expelindo grãos de arroz e feijão da boca sobre a mesa.

Ela foi, continuou em sua pregação até a porta de saída.

Ele com cara de furioso continou com a fuça dentro do prato, como se alguém fosse lhe tirar.

Talvez ele não saiba que a presença de Jesus está ali, naquele prato de comida, quentinha, limpa, bem feita com carinho dos funcionários e praticamente de graça. Quem não pode não paga, os que podem pouco, pouco pagam.

Amém.


segunda-feira, 12 de agosto de 2019

O cão e a máquina de pão

 O cão e a máquina de pão



Em julho fui a Erechim e visitei meu irmão. Me chamou  atenção enormes pães, bonitos, lustrosos e quentinhos no café. Pão e bolo de milho (minha iguaria preferida). Fiquei curioso. Tudo dali, me informou. Coloca água, mistura pronta e fermento. Liga, pode sair e quando apitar está pronto.

Voltei os 550 quilômetros matutando aquilo na minha idéia. Nem precisa de forno de barro como tínhamos no pátio, nem do forno do fogão à lenha, nem do a gás e muito menos do elétrico. Nada de misturar, sovar a massa, untar formas, deixar descansar sobre a mesa para crescer, aquecer o forno, esperar três horas, desenformar e só depois comer. Ufa, Já me deu fome de tanto trabalho.


Comprei a dita panificadora elétrica. Fácil. Pão quente e novo todos os dias. Acabou as idas à padaria ou supermercado todos os dias.

Dias atrás fiz um belo pão australiano. Massa escura, fofinho, leve.

Desenformei, coloquei na tábua de madeira, cobri com um pano branco.

Fui esquentar água para passar café no coador de pano, lavar a louça enquanto o pão australiano esfriava um pouco.


Porta aberta meus quatro amigos caninos  caminhavam pela cozinha, cheirando aqui e ali, pulando, investigando cada canto da peça preferida da casa.

Café passado, caneca cheia, chegou a hora de sentar, cortar uma grande fatia de pão australiano quentinho e calmamente tomar meu café da manhã.

  • Opa! O que houve aqui? Deixei o pão debaixo do pano. Enlouqueci?- Voltei no balcão onde está a panificadora nada- eu poderia ter esquecido.


Mas ouço um barulho estranho que não era canguru embaixo da mesa.

No melhor estilo Sherlock Holmes, mistério desfeito:

Banzé - o delinquente. Só deixou algumas migalhas. Tomara que dê dor de barriga no larápio.Neste dia não teme café da manhã com pão quentinho.


domingo, 11 de agosto de 2019

Queria ser Alcindo

 Queria ser Alcindo


Achava o nome bonito, principalmente quando Milton Jung da Rádio Guaíba ou o Ranzolin da Gaúcha narravam os jogos e falavam no Alcindo.Tinha sonoridade.

Recebíamos em casa a Revista do Grêmio. Vinha pelos Correios e o carteiro já gritava lá da frente quando tinha carta ou revistas. Todos se conheciam e o carteiro entrava na casa. Eu via as figurinhas porque ainda não era letrado. Gostava do atacante bugre xucro  Alcindo Martha de Freitas.

Não gostava do meu nome. Ora Benhur. Difícil falar e nem todos entendem a primeira vez que ouvem. Em alguns casos eu soletro ou entrego um documento.


  • Como? Favor repetir. Ben o que...?

  • Devia ter não mais do que uns 5 anos, pois nem para a escola eu ia ainda. Mas lembro de minha admiração pelo nome Alcindo. Cansei de pedir para a mãe trocar meu nome. Tinha de ser Alcindo. Me imaginei com a capa do Super Pateta e me chamando Alcindo. Que realização seria. Poderia voar com a capa azul do Super Pateta e poderiam me chamar de Super Alcindo.

-”Lá vai super Alcindo com sua esvoaçante capa azul, cruzou o meio campo, passou por três colorados, lançou em profundidade na grande área para Yura, correu pela esquerda voando baixo, recebe um passe de cabeça, mata no peito, a bola escorrega pela coxa e Supere Alcindo emenda um pataço. É gooooolllll do Grêmio”, diria Milton Jung e Armindo Antonio Ranzolin, Faria eco no Rio Grande.



quarta-feira, 7 de agosto de 2019

A Quadrilha do Perna Dura

 A Quadrilha do Perna Dura



As cidades eram tranquilas e seguras e todos se conheciam. Eu sempre gostei de cinema e aos domingos de tarde eu gostava de ir na matiné do Cine Luz ou do Ideal. Isto em Erechim, a capital da amizade. Era bom. De tarde eram dois filmes: um preliminar e outro principal. Anunciavam O Dólar Furado com Giuliano Gemma, mas antes lá no início da tarde começava o primeiro filme, geralmente um de cowboy, ou desenho animado ou produção regional. Salas e sessões lotadas e nas sessões da noite eram os sucessos da momento como  Tubarão, Exorcista, A Profecia, Dona Flor etc.


Certo domingo me arrumei e subi a rua Itararé, íngreme de paralelepídedo irregular. Dinheiro contado. Levei as moedas que davam para o ingresso. Fila interminável para assistir O Dólar Furado e A Quadrilha do Perna Dura do Teixeirinha. Mas naquela semana os preços aumentaram. Com uns 10 anos no máximo, não era muito desenvolto e até um pouco tímido. Larguei as moedas na bilheteria e o senhor que cobrava me disse que faltavam tantos centavos. Dei as costas e fui embora, ver se dava tempo de ir em casa buscar o dinheiro que falava. Não podia perder dois filmaços.


Descendo a rua Pedro Pinto de Souza passei na calçada Vivenda Graciosa, que ficava em frente a repartição que meu pai trabalhava, na 7ª Região Conservacionista. Vendo minha aflição e correria Dona Mimosa perguntou o que havia ocorrido.

  • O que houve meu filho?

  • Fui no cinema e faltou dinheiro - respondi.

  • Eu te dou, amanhã cobro do teu pai alí na repartição.

  • Não! Não precisa e continuei os passos largos, esbaforido. Não aceitei de bobo, envergonhado, mané. Poderia ter aceitado os 50 centavos, voltado rapidinho.


Chegando em casa falei para a mãe do acontecido, ela foi na máquina de costura e me deu mais 50 centavos e disse. Agora você inteira e o valor e vai assistir o filme. 

Naquele momentos o coração do gordinho parou. E o meu dinheiro? Deixei na bilheteria do cinema. Nem peguei de volta. E nem dá mais tempo de voltar e assistir os dois filmes.

Só me restou ficar emburrado, com um bico de beber água em jarro.


terça-feira, 6 de agosto de 2019

Branco não entra

 Branco não entra


Já se passaram mais de 50 anos de minha memória sobre um clube que existia perto da minha casa. Cerca de 140 metros, na esquina da rua General Câmara o Esporte Clube Treze de Maio movimentava o bairro, principalmente nos finais de semana.


Grandes orquestras de bons músicos animavam os bailes que duravam a noite inteira. Gente bonita e bem vestida, pois usavam as melhores roupas. As costureiras e os alfaiates tinham trabalho e tudo tinha de estar pronto até o meio dia de sábado para dar tempo de se arrumar, fazer ajustes e ir no salão dar um jeito no cabelo e maquiagem.


Nos bailes não faltava uma copa bem atendida. Lanches e bebidas matavam a fome e a sede dos casais que gastavam a sola dos sapatos e lixavam o chão de madeira do prédio já antigo feita de tábuas de pinho de boa qualidade.


Era diversão toda a noite. E na saída para aqueles que abusavam um pouco da “faixa azul” (menção ao rótulo da cerveja Antarctica), os cuidados redobrados para não cair dentro do rio que cortava a avenida Farrapos até na Usina da CEEE.


Mas a peculiaridade é que era um clube de negros. Sim isto mesmo. Neste tempo de mimimi que vivemos, algo deste tipo seria impensável. Branco não entrava.


Minha mãe dona Lili e a vó Elvira apreciavam assistir os bailes, mas só podiam olhar pela janela. Éramos brancos.  Ficávamos do lado de fora e para mim levavam um banquinho. Eu subia no banquinho para poder enxergar pela janela um mundo diferente. Tinha cinco anos. Hoje não mais existe o clube, mas a recordação de um tempo de aceitação e tolerância são bons. 


segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Me dá um real

Me dá um real



  • Eeiiii, me dá um real - balbuciava tropegamente aquela voz com forte bafo de pinga. Saindo de trás de uma árvore na rua Urussanga, no bairro Bucarein.

  • Não tenho! Só uso cartão. - respondi

  • Então vá tomar no c…...que nunca tenho seu desgraçado!- Insistiu. Nem olhei para trás.

Senti os passos mais pertos e o cheio da cachaça já impregnando minha roupa.

  • Você é bom de briga? Quero saber, se não tem um real, deve ser bom de briga - provocava.

  • Não, não sei brigar, nunca briguei. Sou que nem cachorro de circo. Brigo mal, mas danço bem.Respondi com bom humor.

Mas os passos ficavam mais perto e o bafo de doença já me deixava enjoado, enojado e aflito e me obrigada a andar mais rápido de pancinha cheia.

  •  Eu também não brigo, mas sou bom de faca. Já furei muitos. Então você não tem um real, né? Nem é bom de briga, mas e de faca? 

Apertei o passo, me distanciei, entrei rapidinho onde trabalho e nem olhei para trás. Vai que ele quer dançar, já que brigo mal, não sei manejar a faca...

 

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Pão com molho

Pão com molho


Já se passou quase meio século, mas ainda guardo na lembrança e sinto o aroma como se fosse hoje: a panela de ferro sobre o fogão a lenha cozinhando lentamente a carne com um grosso e farto molho, que depois vai para a mesa do almoço, juntamente com a massa, o radicci a polenta, o pão.


Principalmente nas férias de meio do ano e de verão, quase que diariamente eu e meu vizinho de frente brincávamos na rua e pela vizinhança. Bicicleta, cowboy, carrinhos, forte apache, futebol (nunca fui bom e nem gostava), luta de boxe. Cheguei a fazer um ringue debaixo dos pés de caqui. Luvas feitas de restos de calça jeans.


Mas a iguaria preferida, quase que britanicamente era na casa da frente. A mãe do Paulo Galli, Dona Palmira já tinha feito o pão no forno e a mesa de madeira da cozinha estava cheia de pães enormes e quentinhos cobertos com um pano de algodão bem branquinho. Lá pelas 11h o fogão à lenha fumegando e subíamos a escada correndo. A casa era no alto.Contornava o poço e entrávamos pelos fundos para a cozinha. Alí, o cheiro delicioso da carne cozinhando no molho. 


Dona Palmira cortava uma fatia bem generosa de pão saido a pouco do forno a lenha, derramava uma conchada de molho e pronto. Estava pronto o lanche, três dentadas leoninas e magicamente sumia aquelas imensas fatias.

Continuava a brincadeira até a hora do almoço. Era férias mesmo. 


Pão com molho

Já se passou quase meio século, mas ainda guardo na lembrança e sinto o aroma como se fosse hoje: a panela de ferro sobre o fogão a lenha cozinhando lentamente a carne com um grosso e farto molho, que depois vai para a mesa do almoço, juntamente com a massa, o radicci a polenta, o pão.


Principalmente nas férias de meio do ano e de verão, quase que diariamente eu e meu vizinho de frente brincávamos na rua e pela vizinhança. Bicicleta, cowboy, carrinhos, forte apache, futebol (nunca fui bom e nem gostava), luta de boxe. Cheguei a fazer um ringue debaixo dos pés de caqui. Luvas feitas de restos de calça jeans.


Mas a iguaria preferida, quase que britanicamente era na casa da frente. A mãe do Paulo Galli, Dona Palmira já tinha feito o pão no forno e a mesa de madeira da cozinha estava cheia de pães enormes e quentinhos cobertos com um pano de algodão bem branquinho. Lá pelas 11h o fogão à lenha fumegando e subíamos a escada correndo. A casa era no alto.Contornava o poço e entrávamos pelos fundos para a cozinha. Alí, o cheiro delicioso da carne cozinhando no molho.


Dona Palmira cortava uma fatia bem generosa de pão saido a pouco do forno a lenha, derramava uma conchada de molho e pronto. Estava pronto o lanche, três dentadas leoninas e magicamente sumia aquelas imensas fatias.

Continuava a brincadeira até a hora do almoço. Era férias mesmo.

DUQUE ENFRENTA NOITE DE LUA CHEIA